O poeta não finge...
Em letras, tinge a tela
com as mazelas disfarçadas
nos espaços alagados
pelos silêncios mórbidos
que molham suas cores
e delatam sua miséria
acossadas nos fios emaranhados
das incertezas
Descerra as cortinas
e seus códigos sobrepostos
entre os verdes-amarelos-vermelhos
se revelam como as lágrimas
excelidas de Portinari
como as formas impressionantes
dos impressionistas
e em rompantes imprevisíveis
se denuncia
Excede-se nos devaneios
e chora nas palavras
- chora em outro tempo
pelo zelo que não tem
ao deixar em carne viva e
exposta, a magia que desliza,
à mercê de outras mãos -
pela pintura inacabada
deitada, nu, silenciosamente suplicante
- Não haverá de me decepcionar -
O poeta não finge, mas esquece de dizer...
seu tempo é à frente,
não é o presente
e a ninguém dará
enquanto não poeta, eu finjo
/ivonefs
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