segunda-feira, 28 de abril de 2008

Índia que sou

Dos desenhos que faço na água
sobram as sombras e os olhos

Amanheço na borda do primeiro raio
e tenho o dia inédito, em preto e branco

Das securas cravadas, que me fazem sólida,
percebo as primeiras lascas caindo

De pincel nas mãos, espalho o sangue
e de vermelho tinjo minha pele nova

Há um peso...um grito na mata cerrada...
Um arco e flechas reluzem nas minhas mãos

Atada

Visto cambraias
nas vistas do dia

nas sombras das linhas
chuvisco neblina

entre paredes caiadas
armo uma rede

deito todas as horas de espera
e me cubro de promessas

essas

que me faço
porque acredito

em minhas mãos
e nas tuas entrelaçadas.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Inclassificável

Porque pensas que me sabe de cor
Não. Com você não passei do limite
Fui um dedo. Um dedo, apenas...um dedo.

O que faz me prender
nessas noites em que penso nessa droga
(que quero)
essa droga...de querer-te, assim?!

Você que desliza em tantos deslizes...
Chega, afinal, chega
Dois pontos - aqui não cabe mais nada...senão você.

Me perco,
perdes?!

Vem devagar...
divagar
calmamente...insinua...e completa...
até o finalmente!

Em baixo do Cruzeiro do Sul
me ganha, na grama e guarda
por dentro e por ora

Quando a arte me inspira

Espia-me
com os teus olhos abertos
não bloqueies, ateia
sem queixas
esquece, que apesar delas...

O que?

(Se não te tenho, pode até me bastar...saber do seu desejo)
Vem, não precisas de licença

Ah!

Por que pões na minha boca o gosto do que pode ser...e me deixas assim?!

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Penso

Tem dia que sou pequena
me penso antes
e me coloco à frente

noutros, sou neutra
confesso:
antes pequena

E tem aqueles
que te sou
de qualquer jeito

Tem dia que sou grande!

domingo, 20 de abril de 2008

Acaso ( por Ivonefs e Vinicius)

Se me pedires um verso
talvez te dê mais de um
pra que fiques, imerso
nalgum lugar em mim

Que não sejas, pois, como tantos
cheio de ilusões ou encantos
te darei versos brancos
e reticências, se quiseres assim

E no anverso de minhas rimas
nas linhas traçadas vivas
que sejam as letras tua sina,
os versos mais que poesia

Ou então que sejam eles
simultâneos e escritos
na hora que se faz
no momento que se deixa

Meu modo

Procuro em mim...

só me sou
plena
quando se misturam
as batidas

e confundo

(tum...tum...TUM!)

tua e minha

respiração ofegante
obscena

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Comentário de Ruy Villani


Madrugada
Se gelada, a gente aquece.
Se escondida, se escancara
E se ameaça
Com a mais cara
Das contendas

Me embaraço
Em tuas rendas.

Me entorno
Em tuas reservas

Enrubesço
Tuas Walkírias

Mas me aninho
Em teu apreço.

15/04/2008

Nada entendo de verdade

Inconstante
eternamente mutante

sou muito depois
um pouco antes

não me desisto
e vivo feroz

quando me sei
ser mansa

(14/04/2008)

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poema resposta do Ivo

Oi parceira...

Quando me dei conta
Estava mansa
E nem sabia mais
O que fazer
Com aquela lança.

Quando dei por mim
Não estava mais
E nem sabia
Pra quê serviam
Os castiçais.
________________________

e do Ruy Villani
Não descansa
enquanto mansa

Depois muda,
muda
nada diz

Se feroz,
não ergue a voz
mas sobe o tom

Apenas olha
e estraçalha

Teu poema tá lindo, Ivone. Não resisti à tentação de responder.

De longe

Te vejo outro
vestido em me esconder

me vejo em ti
nos teus passos mansos
ando

na distância imposta
fico sem resposta

(12/04/2008)

À noite

A dor
que maior me envolve
é sem pressa

comprimo-a de bruços,
entre soluços,
vence... o cansaço

se é minha sina,
que escolha me resta
e quem determina?!
(08/04/2008)

Inédito

A chama acesa
geme
os olhos, paraliso
...pele branca...

- flor de lis - me diz

risca e cola
lábios, lambe, escorre...

lá fora tem o tempo, as horas, os outros
e nem me lembro.

(07/04/2008)

Teu pau

Ondula em minha língua
teu desejo bruto
hexaedro, poliedro
qual diamante cristaliza-se

Atrai-me em fascínio!

Pego pela boca
danço e cubro
todo espaço...

- Teu pau é lindo!

Tua tez saliva meu corpo
jorra sol em terra úmida
acende

Encosta,
mostra o inatingível,
suga meus mamilos!

subo
aperto
contraio a tua essência

vestida em teu corpo
grito... teu nome...

(28/03/2008)

Poesia (Ivonefs e Renê S)

Minha poesia, sem propósito,
tem o desenho gerado na fome

impressão transfigurada
como as tardes de Monet

De ti, não quer o agravo
ou um inesperado: Bravo!

Só um colo contínuo
e as notas de um violino

ligando todos os sonhos do mundo!


Ivone fs e Renê S
(30/03/2008)

Presente-ausente

Você fica assim:

colado em mim!

Durmo e lhe sonho
acordo e já me beija

acompanha-me o dia todo:
no café da manhã
nos intervalos
no expediente
na música presente
e sempre dorme do meu lado...

fala comigo sem parar
em todo lugar
agora... aqui está!

só não entendo:
- porque não lhe vejo...?!

29/03/2008

Enquanto o sol não aquece...

Tornei-me séria.
Seria o quê?
o quê!?
que nada!
tudo passa...

27/03/2008

Entraves de um meio tempo

Passa em branco
todo instante
passa o tempo

mal passado, ainda
sangra
e a cada gota
seca


Ivonefs - 24/03/2008

Referencial

Ao lado do tempo
num canto
uma mesa - letras

dentro do tempo
numa música
profundamente ouvida

somos

o laço refeito
o salto macio
o acaso...espaço

para o acorde, afinal...

frio - vazio

23/03/2008

sábado, 5 de abril de 2008

Versos

Bem no meio de meus versos brancos surgiu uma rima...
Era vontade de ser livre!


Ivonefs
__________________________________
Re-olho páginas e páginas
e a última, em branco,
pede um pouco mais de cautela...

Ivonefs
__________________________________
Este laço

Estilhaços
e em cada fragmento
te tenho inteiro!


Ivonefs
_____________________________________
Tudo

Eu não me enganei
quando me enveredei em teu caminho:
não eras mesmo qualquer coisa

Ivonefs
________________________________________

"É no anverso dos versos que se encontram os diversos frutos dos maestros, brutos e benditos, assim como foram transcritos teus pensamentos exatos e imediatos. Não tema teus escritos, pois que desfazem os mitos e os torna factíveis, inteligíveis, belos em sua essência enquanto plenos da tua impercebida, mas profunda consciência."

comentário de meu amigo poeta Ruy Milani no BDE