quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Diário de três loucos (Paulinho, André Luiz e Ivone)

Dai-me a dor em doses cálidas,
para que sinta "saber" a vida em sua forma árida...
Dai-me a morte em sua sorte,
e veja sangrar minh'alma em falsos cortes...
Dai-me os pés descalços das ingênuas risadas
e olhos brutos enlameados com as cores das faltas
Dai-me o tolo reconhecimento do convencional,
Do simples que se esgoela em cantos histéricos.
Dai-me encantos homéricos por vias sensoriais
e das vias frias entranhadas me livrai
Quero o ontem e o silêncio das paredes molhadas...
O silêncio dos que choram felicidade,
Dos que riem angústia.
Das forças quebradas em cimento jogadas
estilhaços de vidas desencontradas
Quero também todo riso que engana
Toda lágrima que emana e formas profanas...
Sem pensar em direções
Sem pensar em situações
Sem pensar simplesmente sem
Quero sonhar... mas com cuidado
Pincelando cada passo,
Numa aquarela preto e branca.
Não quero mais uma direção,
quero duas, uma pra ir, outra pra voltar...
Só não quero as flores, cansadas de viver,
nem os pássaros fúnebres por profissão!
Quero que sirva, muito delicadamente, em talher de prata,
Um Jesus, dois Budas e meia dúzia de Maomés.
em direções
em situações
sem pensar...
simples[mente]
sem
Meus deuses morrem em mim constantemente
E eu os quero assim, todos mortos
Sem vergonha de d'savergonhar...
Caídos sobre três cacos,
Um de vidro dois outros de talo,
Que estalam feito quebrar de pratos
E só no fim tropeçar...
Ar-dor...
Pálpebras que oscilam
entre o claro e a escuridão de mim ...
Que as dores façam de minha covardia
uma forma de viver a vida sem sentido, pois
viver sem sentido me é dolorido e prazeroso
Quero gritar aos céus e que todos os demônios ouçam-me:
Dái-me forças pra odiar, pois amar nasci sabendo!
Que Deus nos perdoe...
O purgatório está de bom grado!

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