sábado, 24 de novembro de 2007

Meus mistérios

.

Ocultos nas linhas explícitas
expressos em ordens secretas
meus mistérios são mitos

reciclados reencarnados
orientados pelos símbolos
arbitrários reescritos

pela complexa realidade
disposta nas camadas
diversas e mutantes

que desenham meu caminho
como desejo ou não
em desafios que me pegam

em imagens que rejeito
e ainda que sufocantes
tento valer minhas verdades

sem vaidade nas variantes
que me fazem múltipla
maleável em vezes e outras

indefinível inacabada
caminho sempre a favor ou
contra em tanta e quanta

mesmice que me enfastia
e anula enfim, não morro
recomeço , pois sou

como o vento constante
instável multicor e tempestade
presente em cantos que desenho

nas letras que escrevo
onde deito minhas percepções
e danço às melodias arranjadas

às vezes silencio e os múrmurios
uivadores dos meus mistérios
quedam-se em si

como uma dormideira
que a um leve toque fecha suas asas...
(minhas fragilidades)

/Ivonefs

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Diário de três loucos (Paulinho, André Luiz e Ivone)

Dai-me a dor em doses cálidas,
para que sinta "saber" a vida em sua forma árida...
Dai-me a morte em sua sorte,
e veja sangrar minh'alma em falsos cortes...
Dai-me os pés descalços das ingênuas risadas
e olhos brutos enlameados com as cores das faltas
Dai-me o tolo reconhecimento do convencional,
Do simples que se esgoela em cantos histéricos.
Dai-me encantos homéricos por vias sensoriais
e das vias frias entranhadas me livrai
Quero o ontem e o silêncio das paredes molhadas...
O silêncio dos que choram felicidade,
Dos que riem angústia.
Das forças quebradas em cimento jogadas
estilhaços de vidas desencontradas
Quero também todo riso que engana
Toda lágrima que emana e formas profanas...
Sem pensar em direções
Sem pensar em situações
Sem pensar simplesmente sem
Quero sonhar... mas com cuidado
Pincelando cada passo,
Numa aquarela preto e branca.
Não quero mais uma direção,
quero duas, uma pra ir, outra pra voltar...
Só não quero as flores, cansadas de viver,
nem os pássaros fúnebres por profissão!
Quero que sirva, muito delicadamente, em talher de prata,
Um Jesus, dois Budas e meia dúzia de Maomés.
em direções
em situações
sem pensar...
simples[mente]
sem
Meus deuses morrem em mim constantemente
E eu os quero assim, todos mortos
Sem vergonha de d'savergonhar...
Caídos sobre três cacos,
Um de vidro dois outros de talo,
Que estalam feito quebrar de pratos
E só no fim tropeçar...
Ar-dor...
Pálpebras que oscilam
entre o claro e a escuridão de mim ...
Que as dores façam de minha covardia
uma forma de viver a vida sem sentido, pois
viver sem sentido me é dolorido e prazeroso
Quero gritar aos céus e que todos os demônios ouçam-me:
Dái-me forças pra odiar, pois amar nasci sabendo!
Que Deus nos perdoe...
O purgatório está de bom grado!

terça-feira, 20 de novembro de 2007

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Retalhos

Hoje o dia soa diferente
nas loucas ondas

dos tantos retalhos
que faço de mim

As direções aportam
em limiares divinas

que se desfazem
e fundem-se aos arredores

de olhares desvelados
onde ancoro

Diluem-se as horas
e me pego atada

em incônditos absurdos
que me sitiam

/Ivonefs

Circunscrito

Toda manhã raia
e poucos ousam
além do círculo.



/Ivonefs - 17/11/2007

Te encontro

Tua falta me faz
nua e aperta

num lamento que desliza
e me pego em tua boca

nessa língua que me toca
me decifra, me alimenta

e sem saber ao certo
o que se passa

quando pronuncio teu nome
e bebo tua essência

quando ando em tuas mãos
e me prendes em teu espaço

é certo o nosso jeito
refaz-se nosso laço

neste sol que te encontras
e nas coisas que me dizes

eu sei ...

- nas horas vagas
de amanhã ... te encontro.

/Ivonefs - 18/11/2007

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Eu te amo

Você comeu minha racionalidade
e agora tudo faz sentido...

...a nudez está exposta. E agora?

Cadê o sol para aquecer?
Cadê as noites delirantes entre lençóis e ais?
Tudo é precipício? E agora?

que não me ama
não me ouve
nem me olha?

Rastejo feito cobra cega em trilhos
na mata escura e é esse o soldo
final da luta que vitoriei quando
finalmente eu te disse:

- Eu te amo

Morrer?

E o que fizeram "João que amava Maria,
que amava José, que não amava ninguém "...?
e aquele que casou com quem nem era da história?

Talvez até me ofereça:

uma bandeja de sexo
um par de olhos revirados
mãos, cabelos desalinhados
ambiente cheios de cheiros
com música popular brasileira
dizendo o que não dá pra falar...

Cães sem donos
cadelas no cio
vadios

Não vou chorar o amor que não tenho
Não vou apiedar-me do amor que não tem

Irracional, obscena.
Só isso basta e os
corpos se entrelaçam...

/Ivonefs

????????????

As dores estão espalhadas
impregnadas nas falas
as faltas em lamúrias
e o homem se corrói
na cara dos deuses aleijados

Há uma correnteza
de lamentações
e nos muros
cachoeiras frenéticas
borbulham

Abrem-se valas
enchendo-se de drogas
e a ilusão como uma fera
augurenta, maldita
orienta

A roda prende
a mola caiu
a sede chegou
e o rio secou

a verdade, ninguém sabe, ninguém viu
e o jogo já faz tempo que começou

/Ivonefs

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Partida

Um céu oscilante
escancara suas
infinitas faces
lancinantes
logo que acordo

me queima
me chove
me escurece
me apaga

e nunca me dá
aquela luz das
possíveis noites
que me fariam
sorrir de manhã

o céu
é meu chapéu
- um limite que me prende aqui

/ivonefs

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Palmas-de-Santa-Rita

Só em ti me calo,
deixo que me adentre
e não me sou
quando mais me tenho

Visto um traje
de vento
agonizante
e vago
aos campos
brancos
de Palmas-de-Santa-Rita

Colho três,
três palmas
destes campos
abertos
de sonhos e sombras
onde os ramos
dos arbustos
brandem
como meus cabelos
ao vento
a ermo
em constante
transmutação
pelas enleantes ondas
como as nuvens
de plumas

Só em ti me calo,
deixo que me adentre
e não me sou
quando mais me tenho...

/ivonefs

domingo, 11 de novembro de 2007

Embaraço

a cara bate
e abate após
a sarrafada
embaixo
do abacateiro

que ria
sem parar
do seu falso
amparo
- traiçoeiro!

e a mente
tentacular
lhe tira do meio
teletransportada
para lugar
nenhum

que embaraço...

/ivonefs

Pressinto

O que não posso dizer [guardo]
O que não posso ter [hoje]
O que decide é [nosso desejo]
O que mais quero [é a vida que você me dá!]

Talvez o sol da manhã me mande um recado: [se aparecer]
... é mais adiante... - Mas adiante
para antes do feriado, adiar mais para quê?
[daí não pode ser]

- Os olhos sentem na canção, fixos
na boca que percorre o caminho
de um peito branco, nu galáctico,
onde beijei tua alma –

Quero esse amor incandescente
em mim exaltado gritando
à forra da tua ausência,
embora não tenha ainda a hora ...[pressinto]

/ivonefs

sábado, 10 de novembro de 2007

Zolhudinha

(Para minha amiga Luisa O Costa - 8 anos - no seu aniversário - 10/11/2007)

Menina de olhos lindos
negros feito jaboticaba
sapeca que sobe nas paredes
sobe nas paredes?
sim, e planta bananeira!
e corre, pula, pergunta
fala, joga, brinca,
e vira e mexe
lá fica ela
sentada, quieta
lendo as letras
que comprou
na banca de jornal
num domingo de manhã

/ivonefs

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Pendente

...e ele estende a mão:

- Vem!

Mas o vento contrário sopra em meus olhos e ali me mantenho
...entre o abismo e a segurança do oco...

Parricídio

Procuro o passo original...
não quero modelos
nem castelos gloriosos
enfestados do que já foi

Procuro o novo princípio...
não quero o passado
encerrado nos moldes
pendurados dos eruditos

Em princípio, nada recebi
nada carrego
e o inexplorado
é o que me atrai...


/ivonefs

Desintegração

Rajadas ondeadas
seguiam as mãos indomáveis
das gotas aladas
bem na hora brusca
da tarde amarela
quando o riso
foi molhar a boca
na névoa ... aquarela

em doses sinestésicas
e visões paralelas
um súbito arrepio
se alongou
e deitou ao chão obscuro
a máxima desperdiçada
dos suspiros doces e futuros

e sem nenhum pio
as mãos se soltaram
e nos vãos da memória
molhada, embriagada, ressacada
pelas vindas e idas
conturbadas e indefinidas
desintegraram-se
e nada mais existiu...nada...

/Ivonefs

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Vulnerável

Nos horizontes findos

perco a vista

e invisto

aonde imagino

possa eu

tocar meus olhos

molhados

quase fechados

e misturar águas salgadas e potáveis


-sou um mar que cede a uma gota doce -


vulnerável aparência

imensidão do nada...

/ivonefs

O poeta não finge

O poeta não finge...

Em letras, tinge a tela
com as mazelas disfarçadas
nos espaços alagados
pelos silêncios mórbidos
que molham suas cores
e delatam sua miséria
acossadas nos fios emaranhados
das incertezas

Descerra as cortinas
e seus códigos sobrepostos
entre os verdes-amarelos-vermelhos
se revelam como as lágrimas
excelidas de Portinari
como as formas impressionantes
dos impressionistas
e em rompantes imprevisíveis
se denuncia

Excede-se nos devaneios
e chora nas palavras

- chora em outro tempo
pelo zelo que não tem
ao deixar em carne viva e
exposta, a magia que desliza,
à mercê de outras mãos -

pela pintura inacabada
deitada, nu, silenciosamente suplicante

- Não haverá de me decepcionar -

O poeta não finge, mas esquece de dizer...
seu tempo é à frente,
não é o presente
e a ninguém dará

enquanto não poeta, eu finjo

/ivonefs

domingo, 4 de novembro de 2007

Meu amor inquieto

meu amor inquieto
feito redemoinho

me revira
atravessa
me sufoca
delira

ao avesso
me enreda
me engole
travesso


me olha
torce
retorce
me molha

marca
me lambe
prende
me encharca

feito redemoinho
me circula
me agita
me afoga

/ivonefs - 03/11/2007

Injúria

Peregrino
em paragens estagnadas
alucinada pelo fétido odor
das verdades distorcidas
mentiras alojadas
nos credos estabelecidos
das cegas aventuras

Peregrino
com as vistas embaçadas
em terrenos desolados
nos trovões que me estremecem
pós clarões chispados
em meio às manchas negras
que deparo em desamparo

Peregrino
embasbacada e incrédula
quando vejo tuas mãos dadas
levadas pelas correntes
da insanidade possessiva
como abutres, fome sarcófaga
maculando tua beleza

Meteoros chovem
sob o comando
das estinfálicas,
sereias mortais do brejo,
que obsessivamente
lançam tuas asas afiadas
e tentam devorar-me

E rides vossos risos
de loucas desvairadas
com a taça de veneno
que jogais em minha cara
- não engulo as injúrias
nem me rendo a tão reles escárnio
vossas peçonhas, bebei vós mesmas


/ivonefs - 03/11/2007

******************************************

Santa

Não me soltes
quando me tiveres

nas tuas mãos

no meu vôo
livre

errante
vi teu aceno...

chama
-e pouso

queima
- e ouso

Ah!
não terei a proteção dos anjos
- que me querem santa.

/ivonefs - 03/11/2007

Armadura da solidão

À revelia
sinto-me

lida

lira
cortante
diante das insólitas
páginas corridas
que entoam
e se desenrolam
nos arrulhos
das vicissitudes
que escolho

a hora
pede
a imagem
rege

e seu vulto
em
meu pé

ilumina e escure
dia e noite

- corta de vez
minha cabeça
e livra-me
de sua armadura

/ivonefs - 02/11/2007

*******************************************

Sedução

...e ele
chegou...

com seu hálito quente

- o ventinho de verão


Arre-Piou


nas falas
aladas

s e d u t o r a s

beijou-me as coxas

e-Le - Vou - me...

/Ivonefs - 02/11/2007

*******************************************

Di(versos)

O meu dia vazio
povoado pelo desencanto

contaminado
por falta de versos

que me estremeçam
me despertem

que reguem a aridez
e mate minha sede

que reclamem
por meus olhos

que se entranhem
e aqueçam

com palavras
desentaladas

desenrascadas
ávidas,

passa sem viço

pois o di(versos)
não di(verte)
em dia infértil

/ivonefs - 01/11/2007

* Di(versos) - uma das comunidade do Orkut, onde posto meus poemas


******************************************

Atados

gozo
o laço desfeito
descobriu a nudez

/ivonefs - 28/10/2007

*****************************************

Paradoxo do julgamento

O que julga, julga-se.

/ivonefs - 30/10/2007

****************************************

Posição re(flexiva)

À distância vejo mais
Saio de mim
e livre de minha influência
tudo é primeira vez

vivo (morro) todos os dias
e nasço sol ou chuva
essa é minha imprevisão
sem nenhuma garantia

Deixo as conclusões
que me tomaram dias
cheias de minhas idéias limitadas
cerceando os turbilhões

Atenta, a cobrança apura,
mas a força vísivel do invisivel
socorre em minha secura (surreal)
e umidifica a idéia fixa

Detém-se o olhar
expande-se, sem limite, aprofunda-se
na desordem da ordem
que regenera a vida, alimentando a

r
a
i
z



- Desprendida

de


meu corpo,


vejo muito mais...



...além.

/ivonefs - 30/10/2007

*******************************************

Ao som de uma flauta transversal...

Por que posso crer
que a beleza encerra
uma tristeza?

e é o belo que me
faz chorar...

me pega assim
de repente

quando sinto florindo
aqui dentro

a vontade
de outra vez
ter falta de juízo

lembrando seus
olhos rasos
ligados

- esquerdo seu
direito meu
lado a lado -

a boca
de riso leve

e o corpo
solto entregue

- é o lamento da flauta
que me faz chorar...

/ivonefs - 28/10/2007

Mar a(dentro)

Meu olhar sobre as ondas do mar
paira no horizonte
e o pensamento em queda, enreda-se

clamo aos deuses que arranquem de meu peito
essa dilacerante angústia
- miséria que lesa e pesa

sobre a superfície conduzam-me
pelas mãos úmidas e frias da brisa
e lá - ao longe - livre e altiva

soltem-me!

êxtase de um encontro
- a plúmbea luz que me feria
a rubra tarde dissipará

em cores e sabores enânticos

/ivonefs - 27/10/2007

Açoite

vela
acesa

(chama)

flamante
derrama

a(dor)meças
nela

- nada a mosca no mel quente mortal, sem pagar o tributo

(e ao senhor feudal,
as banalidades diminuíram)

/ivonefs - 26/10/2007

Tudo

Não vejo a hora
do tempo que espero
ser dia de graça

pele, boca, cheiro
seus olhos rasos
assentados nos meus

tudo pode ser ser tudo (ou nada)
fonte e sede para quem quer
a qualquer tempo

vive em mim (como herança)
a necessidade e a vontade
- nisso não me engano -

o prazer livre não se perde no tempo
é grato pelo vôo
e ousa

voa
ouça
ousa(dia)

/Ivonefs - 15/10/2007

Inteira

O que eu preciso
não precisa ser
de qualquer jeito

o que eu quero
tem olhos perfeitos
e falam nos meus

as mãos
que me tocam
amanhecem em meu peito

a chuva que cai
não traz receio
nem trai meu desejo

e é assim...
simples assim

e nisso você não cabe
- vem dividido
com ares de envaidecido -

e nisso não caibo
sou inteira demais
pra me quebrar

/ivonefs - 24/10/2007

*******************************************

As mulheres de Kandahar

Atravessar entraves nas entranhas minadas da terra mãe dilacerada,
que gera e amputa as filhas puras, priva o entendimento dessa necessária travessia. Em caminhos assolados, desérticos, gelados,em cárcere aprisionadas em companhia da fome, ao lado de mortes brotadas do chão, que mancham e desmancham-se no ar, vive a mulher no Afeganistão. - Onde nem escola pensaram para elas -
Um Deus justifica a ação de frias espadas, que separam cabeças dos corpos e arrancam mãos – ladrão, punição. Mistérios de uma tradição.

A mulher de Kandahar que se cobre, vive porque tem a esperança de um dia ser vista, então sorri e não desiste.

Desligo o vídeo e ainda me acompanham os olhos da mulher afegã seguindo seu incerto caminho sobre as minas espalhadas pelo país.

A esperança... onde encontro?

(Fiz este texto, após assistir ao filme -
fantástico - “A caminho de Kandahar”, há um ano, onde uma jornalista Afegã, - radicada no Canadá- escreve sobre a condição feminina no Afeganistão, enquanto tenta resgatar uma mulher de sua família )


/ivonefs - 23/10/2007


*******************************************

sábado, 3 de novembro de 2007

Obsceno sagrado

Lambe o sangue
devora o fel
a seco, de frente
a frio

a velha sábia
espeta a verdade
toma a agulha
crava, fere e mata

cinzas se espalham
dentre o invisível infinito
pela vida, a Fênix
recolhe e recobra

obsceno sagrado,
- sagrado, pois cura
sensualmente desperta
prazerosamente navega

-lascívia astuta,
porém inocente
- assim deve ser
e só assim há de ter.

/ivonefs - 24/10/2007

Re(pulsa)

re(pulsa)
náusea
a(versão)

da noite insone
de sonhos aflitos

um grito:

O BELO A RELES SUPLANTOU

- que ânsia que dá!

/ivonefs - 25/10/2007

Açoite

vela
acesa

(chama)

flamante
derrama

a(dor)meças
nela

- nada a mosca no mel quente mortal, sem pagar o tributo

(e ao senhor feudal,
as banalidades diminuíram)

/ivonefs - 26/10/2007

Menino bonito

É seu sonho
do tamanho ilimitado
da fome

tem a idade
da sua vontade
a doçura da infância

olhos cínicos?
olhos reais do dia a dia
- não penso, pois quem pensa emburrece –

mas vive no claro
e na noite suga as dores da vida
e não ignora as putas de tetas caídas

assusta-se em seus diversos
singular feito à medida
sabe sim o que quer

e é bonito
bonito
bonito

menino, te quero no colo...

/ivonefs - 24/10/2007

Aquiescência

Pés e mãos atados
na masmorra
o vento indevoto
aflige e congela
desordena os quereres
- aquiescência do medo

no peito nem o ar pousa
suspensa presumo
para(lítico) nítida mariposa
ninfas em seus casulos
- o tempo mudar[a o rumo

as serpentes ignoram sua efemeridade
- e o encantador faz delas o que quer

ri(mas)
ri(o)
sobre lendas que tornam
as águas límpidas
e regam os lírios que brotam
pelas eras sempre móveis
do olhar que repara...é certo
e aí tudo se transforma

-Teu signo não me manda flores,
mas planta-as em mim

/ivonefs - 22/10/2007

Escasso

o tempo escasso
passa
im(permanente)
à minha frente
e verso

estágios do tempo
deixam a deriva
a espera (vã?)
move-se in(certo)
sempre móvel tempo

de certo
as falas
discretas
ligam
ímãs
alinham-se
e aninham-se
nas horas im(próprias)

assim o tempo é lembrança
de outro...

/ivonefs - 23/10/2007

Dois em um

Em meia luz
a meio fio
refém
algemada
calada
lendo os olhos
gravados
relendo
o tempo passado
que quero presente
onde
tudo liga
a ponto
do tanto que vem
do tanto que fica
do tanto que é
(sem tamanho)
cruza
unifica
o instante
único
de dois

/ ivonefs - 18/10/2007