O exato momento
voou de tua boca
rutilando meus sentidos
num súbito arrebatamento
- da voz do poeta
que falava de um poeta
a semente desperta -
Nasceu numa noite fria
a poesia em pessoa
ajustou-se ao meu lado
com suas mãos, vias
E ondulou nas cordas
de minha garganta muda
em encantamento
em pura sintonia
Ivonefs
sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
Ilustração
É desbotada
a fala embrenhada
nos disfarces toscos,
desdém das pétalas
viçosas onde as cores
vibram rosas vida!
estático parasita oco,
espectro trêmulo
nas luzes apagadas
estrela molhada,
nas manhãs de sol
verniz sem lustro,
brusco borrão
na arte disfarçada
essência lacrada
num embuste...
Há de haver o amor
que arrebenta
que aguenta o inútil
desperta do sono
atravessa fronteiras
apaga as feridas
e diante dele:
o afogar-se
de encanto!
Ivonefs
a fala embrenhada
nos disfarces toscos,
desdém das pétalas
viçosas onde as cores
vibram rosas vida!
estático parasita oco,
espectro trêmulo
nas luzes apagadas
estrela molhada,
nas manhãs de sol
verniz sem lustro,
brusco borrão
na arte disfarçada
essência lacrada
num embuste...
Há de haver o amor
que arrebenta
que aguenta o inútil
desperta do sono
atravessa fronteiras
apaga as feridas
e diante dele:
o afogar-se
de encanto!
Ivonefs
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008
Superfície
Calo-me
Na luz fria
do espelho d'água
fora os rumores
dentro é o nada
Navego nas ondas
curtas das notas
hipnóticas
e deixo tudo em branco
Ivonefs
Na luz fria
do espelho d'água
fora os rumores
dentro é o nada
Navego nas ondas
curtas das notas
hipnóticas
e deixo tudo em branco
Ivonefs
Pensamentos I
E não é que sempre foram perfeitos
nossos tempos de olhos nos olhos!?
e isso, ninguém mudará...já está gravado
e viverá por todos os tempos.
Ivonefs (16/02/08)
nossos tempos de olhos nos olhos!?
e isso, ninguém mudará...já está gravado
e viverá por todos os tempos.
Ivonefs (16/02/08)
Veja bem
Decerto que incomodo,
pois vejo o desespero
do cerco cerrado
definindo as origens
propagando os destinos
das palavras expressas
nos versos escolhidos
a tua insegurança é antes a trava que te domina
teu desdém é prova
da tua amargura
é claro, que incomodo.
Ivonefs (16/02/08)
pois vejo o desespero
do cerco cerrado
definindo as origens
propagando os destinos
das palavras expressas
nos versos escolhidos
a tua insegurança é antes a trava que te domina
teu desdém é prova
da tua amargura
é claro, que incomodo.
Ivonefs (16/02/08)
Delírios
Talvez a parede seja imaginária
talvez possa transitar e fazer parte
talvez não seja expectadora
talvez eu me importe demais
aqueles que me odeiam
fingem seu bem estar
desdenham minha única
maneira que tenho de amar...
Ivonefs (16/02/08)
talvez possa transitar e fazer parte
talvez não seja expectadora
talvez eu me importe demais
aqueles que me odeiam
fingem seu bem estar
desdenham minha única
maneira que tenho de amar...
Ivonefs (16/02/08)
Veneza
Eu já fui à Veneza
e me perdi em meio
a tanta beleza!
na ponte pequena
do último suspiro
de som perene
porões alagados
artes espalhadas
em vidros talhadas...
Hoje eu queria
dormir em Veneza
e fugir da tristeza
imaginar que estava
num mercado lotado
na idade média...
Ivonefs (28/01/08)
e me perdi em meio
a tanta beleza!
na ponte pequena
do último suspiro
de som perene
porões alagados
artes espalhadas
em vidros talhadas...
Hoje eu queria
dormir em Veneza
e fugir da tristeza
imaginar que estava
num mercado lotado
na idade média...
Ivonefs (28/01/08)
Escuro
Na boca da noite
ardo como chama,
quase como fosse
luz-cera.Vela!
Desintegrando
letras, como
comida quente,
sons embriagados,
etéreos
me engolem seca
e tenho fome
Sede então!?
vou pro mundo afora.
Ivonefs
ardo como chama,
quase como fosse
luz-cera.Vela!
Desintegrando
letras, como
comida quente,
sons embriagados,
etéreos
me engolem seca
e tenho fome
Sede então!?
vou pro mundo afora.
Ivonefs
Pacto Rosa
A minha arte
Poesia
vive em estado
Gerais
branca
algodão cru
ecologicamente correta
pois penso
veredas
como a tez pura de
Diadorim
Ivonefs (15/02/08)
Poesia
vive em estado
Gerais
branca
algodão cru
ecologicamente correta
pois penso
veredas
como a tez pura de
Diadorim
Ivonefs (15/02/08)
Frente e verso
Deitados mudos olhos alcançam
Nas brechas das nuvens brancas
Conflitos eternos em véus de Cabul
Ruidosos silêncios se desmancham
Infiltram nos destroços suas luzes.
Clareza é coisa estranha! Rangem
As estruturas que vigiam e migram
nas vigas que dançam nas linhas
Nada é definitivo na passagem
E o que seduz, estanques em poços,
Estagna e reduz a própria verdade
Eu me deito e me rendo indigente
Nas mãos tuas que me acariciam
E, nas desculpas, encontro o acalento.
Ivonefs (17/02/08)
Nas brechas das nuvens brancas
Conflitos eternos em véus de Cabul
Ruidosos silêncios se desmancham
Infiltram nos destroços suas luzes.
Clareza é coisa estranha! Rangem
As estruturas que vigiam e migram
nas vigas que dançam nas linhas
Nada é definitivo na passagem
E o que seduz, estanques em poços,
Estagna e reduz a própria verdade
Eu me deito e me rendo indigente
Nas mãos tuas que me acariciam
E, nas desculpas, encontro o acalento.
Ivonefs (17/02/08)
Único (Lu e eu)
quando pela casa
nosso silêncio paira,
somos nós
em nossa amplitude
mundo único
lírico um
quando teus cabelos
passeiam nos meus olhos
brindam o elo
minha vida plenamente raia!
Ivonefs (24/02/08)
nosso silêncio paira,
somos nós
em nossa amplitude
mundo único
lírico um
quando teus cabelos
passeiam nos meus olhos
brindam o elo
minha vida plenamente raia!
Ivonefs (24/02/08)
Jônica
Nos dias que trazem
as trevas que me travam
adentro-os, de olhos fechados
E alucinada nos vagos vãos
imagino a suposta saída
direção sem mira precisa
Então,
Caminho c'a força de um trago
porque ficar é cômodo
é morrer de perdição
Eu vim de línguas passadas
em branco não passo
eu vim da Jônia
eu sou Ivone.
Ivonefs (23/02/08)
as trevas que me travam
adentro-os, de olhos fechados
E alucinada nos vagos vãos
imagino a suposta saída
direção sem mira precisa
Então,
Caminho c'a força de um trago
porque ficar é cômodo
é morrer de perdição
Eu vim de línguas passadas
em branco não passo
eu vim da Jônia
eu sou Ivone.
Ivonefs (23/02/08)
Fim
Eu sei das horas
dos momentos exatos
do instante, o ponto
a subida, transpiração
o cume, onde me equilibro
da queda, não passo do chão
a fantasia se veste fria
e a graça das três horas
já não me arrepia
Ivone fran*s (19/02/08)
dos momentos exatos
do instante, o ponto
a subida, transpiração
o cume, onde me equilibro
da queda, não passo do chão
a fantasia se veste fria
e a graça das três horas
já não me arrepia
Ivone fran*s (19/02/08)
Conclusão
Eu sou crente,
- como disse Carlos Cruz -
nas palavras escritas?
tantas vezes
indecifráveis...
irrefutáveis?
somente as verdades
existentes na alma
Eu sou crente?
e descrente ao mesmo tempo,
pois nem vejo teus olhos.
Ivone Fran*s (17/02/08)
* Carlos Cruz, meu amigo escritor
- como disse Carlos Cruz -
nas palavras escritas?
tantas vezes
indecifráveis...
irrefutáveis?
somente as verdades
existentes na alma
Eu sou crente?
e descrente ao mesmo tempo,
pois nem vejo teus olhos.
Ivone Fran*s (17/02/08)
* Carlos Cruz, meu amigo escritor
Abissal
Relutância,
sequela sem direito
neste vago dúbio estreito
aves no céu,
falta de ar
um pomo de ouro
um lampejo que passa
justiça, injustiça?
execussão é a loucura
deixada na mão
quando o chão se abre
a glória é o repouso:
nada de pena
nem reclamações
os mortos são sagrados
as feridas devem ser cobertas
e a cena se encerra
amarga minha boca
que seja,
não há saber em nada
não quero compadecimento
nem lamentos
carrego o que me pertence.
Ivonefs (02/02/08)
sequela sem direito
neste vago dúbio estreito
aves no céu,
falta de ar
um pomo de ouro
um lampejo que passa
justiça, injustiça?
execussão é a loucura
deixada na mão
quando o chão se abre
a glória é o repouso:
nada de pena
nem reclamações
os mortos são sagrados
as feridas devem ser cobertas
e a cena se encerra
amarga minha boca
que seja,
não há saber em nada
não quero compadecimento
nem lamentos
carrego o que me pertence.
Ivonefs (02/02/08)
Meu querido Mercador de Veneza
Eu já fui à Veneza
e me perdi em meio
a tanta beleza!
cruzei a ponte pequena
dos últimos suspiros
intrigante, som perene
que se ouve da Piazza
de pombos famintos
roendo os mosaicos
da igreja São Marcos
mesas e bares - limo
porões alagados
artes espalhadas
em vidros talhadas
sacra e santa madeira
Hoje eu queria
dormir em Veneza
fartar meus anseios
imaginar-me flutuante
nos canais cortando
a idade média ao meio
tripulante de uma gôndola
como mera figurante
daquele criador do Mercador!
Ivonefs (28/01/08)
e me perdi em meio
a tanta beleza!
cruzei a ponte pequena
dos últimos suspiros
intrigante, som perene
que se ouve da Piazza
de pombos famintos
roendo os mosaicos
da igreja São Marcos
mesas e bares - limo
porões alagados
artes espalhadas
em vidros talhadas
sacra e santa madeira
Hoje eu queria
dormir em Veneza
fartar meus anseios
imaginar-me flutuante
nos canais cortando
a idade média ao meio
tripulante de uma gôndola
como mera figurante
daquele criador do Mercador!
Ivonefs (28/01/08)
Surreal
Da faca, nem sabes a ponta
eu me entrevo nas moitas
cotia arredia, bicho do mato
no regato a chuva chia mansa
olho pedras e pedras rolarem
me ponho alta - pés descalços
a roupa, pouso no chão
a água fria me veste (choque)
arrepio e no fundo transito
sua alma, que chora, me cola
é branca! - mármore sua cama
e vermelho seu desespero
não sabes de ninguém
ser um. Único em meu leito...
- alerta perigoso (gostoso)
Ivonefs (26/01/08)
eu me entrevo nas moitas
cotia arredia, bicho do mato
no regato a chuva chia mansa
olho pedras e pedras rolarem
me ponho alta - pés descalços
a roupa, pouso no chão
a água fria me veste (choque)
arrepio e no fundo transito
sua alma, que chora, me cola
é branca! - mármore sua cama
e vermelho seu desespero
não sabes de ninguém
ser um. Único em meu leito...
- alerta perigoso (gostoso)
Ivonefs (26/01/08)
Sol de primavera alvorecida
Sonho os dias
nos intervalos caídos
das melodias ansiosas,
chegadas atentas,
à espera
da gota
sobre o sulco da seca.
A órbita intocável me desafia,
o punho cerrado atrevido
bate e força:
- Quem vem lá?
(não quero suas cruas memórias,
choramingos, nem dentes cerrados)
O sol de amanhã
(que raiou ontem)
virá me sangrar,
beber minha sina,
umedecer
o pó que tenho dentro,
jorrar as tonturas,
calar os lamentos...
Ivonefs e Flá Perez (26/01/08)
nos intervalos caídos
das melodias ansiosas,
chegadas atentas,
à espera
da gota
sobre o sulco da seca.
A órbita intocável me desafia,
o punho cerrado atrevido
bate e força:
- Quem vem lá?
(não quero suas cruas memórias,
choramingos, nem dentes cerrados)
O sol de amanhã
(que raiou ontem)
virá me sangrar,
beber minha sina,
umedecer
o pó que tenho dentro,
jorrar as tonturas,
calar os lamentos...
Ivonefs e Flá Perez (26/01/08)
Sonhos
Em seus desvios me perdi
finquei – me,
mãos e pés
olhos inchados,
vida ao avesso
e boca pálida sem beijos
(dormi na rua, confesso)
anjos sem asas
mãos entrelaçadas
na sede. Sobrevivi.
agora,
quando me sondo,
te vejo livre e perdido
(suas vestes frias me rondam)
meu pássaro ferido
de sombras, desertos,
incontido, incerto
- me vi!
Flá Perez e Ivonefs (26/01/08)
finquei – me,
mãos e pés
olhos inchados,
vida ao avesso
e boca pálida sem beijos
(dormi na rua, confesso)
anjos sem asas
mãos entrelaçadas
na sede. Sobrevivi.
agora,
quando me sondo,
te vejo livre e perdido
(suas vestes frias me rondam)
meu pássaro ferido
de sombras, desertos,
incontido, incerto
- me vi!
Flá Perez e Ivonefs (26/01/08)
Nudez
O pouso de teus olhos
faz dos meus cativos
neles me demoro - na luz
sem desvios, me ancoro
a rua alerta nos denuncia
e rimos, da nossa pura alegria
enlouquecidos nas mãos livres
de nosso desejo - que pelo vidro se via!
- se almas se encontram
se rimas se fazem
a água corre límpida,
translúcida e liberta
e até no meio do caos,
o canto dessas horas ingeridas
apazigua as tormentas sofridas
e reluz toda pena que vale! -
vivi, vivemos!
Ivonefs (25/01/08)
faz dos meus cativos
neles me demoro - na luz
sem desvios, me ancoro
a rua alerta nos denuncia
e rimos, da nossa pura alegria
enlouquecidos nas mãos livres
de nosso desejo - que pelo vidro se via!
- se almas se encontram
se rimas se fazem
a água corre límpida,
translúcida e liberta
e até no meio do caos,
o canto dessas horas ingeridas
apazigua as tormentas sofridas
e reluz toda pena que vale! -
vivi, vivemos!
Ivonefs (25/01/08)
Era um dia sem nada
Me deixa...(quieta)
no silêncio posso ouvir o rio
e posso ser o nada
não me leia, não me veja, não me tente, não me lembre
não faça nada
apenas deita do meu lado
Ivonefs (21/01/08)
no silêncio posso ouvir o rio
e posso ser o nada
não me leia, não me veja, não me tente, não me lembre
não faça nada
apenas deita do meu lado
Ivonefs (21/01/08)
Entre eras
Hoje pensei em pétalas
pétalas rolando - áridas
asas caídas
um botão dobrado
e ao lado, só o sinal
do que antes era
rosa cálida!
Ivonefs (31/01/08)
pétalas rolando - áridas
asas caídas
um botão dobrado
e ao lado, só o sinal
do que antes era
rosa cálida!
Ivonefs (31/01/08)
Soneto do livre-arbítrio
Sinto a piedade atravessando meus olhos,
cobrindo-me em manto branco. Apoderam-se,
profetizam minha infelicidade. Estancam-me.
Com suas línguas frias, lambem minhas feridas.
Deixem-me livre ao vínculo que escolho e nada
cobro. Nada perdi. Eu sou primavera. Queima
o sol, descem folhas e nas noites frias, ligo às
frestas da janela entreaberta à boca em espera.
Vejam! o fogo que queima, não combato. É vida
plena e ainda que reste em tristeza, me foi beijo
de alegria. Não me peçam trégua se assim quero:
O que surgiu à minha frente, vivi nas mãos suas,
além das paragens conhecidas da existência. Divino
ter. Planos sem danos, sem ínicio, sem meio, sem fim.
Ivonefs (02/02/08)
cobrindo-me em manto branco. Apoderam-se,
profetizam minha infelicidade. Estancam-me.
Com suas línguas frias, lambem minhas feridas.
Deixem-me livre ao vínculo que escolho e nada
cobro. Nada perdi. Eu sou primavera. Queima
o sol, descem folhas e nas noites frias, ligo às
frestas da janela entreaberta à boca em espera.
Vejam! o fogo que queima, não combato. É vida
plena e ainda que reste em tristeza, me foi beijo
de alegria. Não me peçam trégua se assim quero:
O que surgiu à minha frente, vivi nas mãos suas,
além das paragens conhecidas da existência. Divino
ter. Planos sem danos, sem ínicio, sem meio, sem fim.
Ivonefs (02/02/08)
Razões da alma
O que ata
desce feito afeição
vem sem explicação
nossos corpos:
sentidos e doçura
com letras impressas
lemos e relemos
nossos olhos - filamentos
mãos ligadas
objetos
e quem passeia
são nossas almas
que une os imperfeitos
Ivonefs (05/02/08)
desce feito afeição
vem sem explicação
nossos corpos:
sentidos e doçura
com letras impressas
lemos e relemos
nossos olhos - filamentos
mãos ligadas
objetos
e quem passeia
são nossas almas
que une os imperfeitos
Ivonefs (05/02/08)
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008
Momento (para Paulinho)
Da nossa conversa no dia do encontro BDE 09/02/08
Confiança de confessor
tenho sim, nele!
Viajamos num mar
onde ele era o marinheiro
e com tanta água
em nossa frente
foi logo se perder
num agreste
em lua crescente
de fevereiro
bem no dia nove
enquanto a noite
reinava feito dia
no nosso terreiro
Viajamos
em duas pinturas:
um mar e um agreste
um sonho
e uma beleza
duas imagens
uma, passado
outra, possível
Ivone Fran*s
Confiança de confessor
tenho sim, nele!
Viajamos num mar
onde ele era o marinheiro
e com tanta água
em nossa frente
foi logo se perder
num agreste
em lua crescente
de fevereiro
bem no dia nove
enquanto a noite
reinava feito dia
no nosso terreiro
Viajamos
em duas pinturas:
um mar e um agreste
um sonho
e uma beleza
duas imagens
uma, passado
outra, possível
Ivone Fran*s
Fênix
*
Ainda tem um susto ruminando
De quando sem rodeios cortou
Nosso vínculo e eu me perdi...
Fui só poeira, um sol escondido
Noites e dias inteiros rosnando
Entre dentes cravados sangrando
A esmo naveguei as horas de ira
Prendi minhas mãos e fui morar
Na rua.... dormi com mendigos
Semi-nua, a clara da noite, meia lua
Me puxa os olhos e em si silenciosa
duplica-se em minhas retinas
Que queres me dizer?
- Até pra renascer de si
há de se perder!
Ivonefs
Ainda tem um susto ruminando
De quando sem rodeios cortou
Nosso vínculo e eu me perdi...
Fui só poeira, um sol escondido
Noites e dias inteiros rosnando
Entre dentes cravados sangrando
A esmo naveguei as horas de ira
Prendi minhas mãos e fui morar
Na rua.... dormi com mendigos
Semi-nua, a clara da noite, meia lua
Me puxa os olhos e em si silenciosa
duplica-se em minhas retinas
Que queres me dizer?
- Até pra renascer de si
há de se perder!
Ivonefs
De manhã
*
Haverá uma linha
onde fixarei minhas dores
e minha face espelho
te chocará?
É finda beleza
uma estranheza
na luz amanhecida
em torno menta
chocolate, café
Contornos invento
aromas invadem
palavras iguais
e nada muda
atos imorais
Não, não perderei
o senso!
ainda é cedo
na memória
ainda é clara
a fala e calo
Espero o tempo..
Ivone Fran*s
Haverá uma linha
onde fixarei minhas dores
e minha face espelho
te chocará?
É finda beleza
uma estranheza
na luz amanhecida
em torno menta
chocolate, café
Contornos invento
aromas invadem
palavras iguais
e nada muda
atos imorais
Não, não perderei
o senso!
ainda é cedo
na memória
ainda é clara
a fala e calo
Espero o tempo..
Ivone Fran*s
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008
Pequenos Contos
Pequenos Contos -
"Quem navega com mapas e bússolas não descobre mais nada. Só a alegria dos navegantes errantes é que descobre mundos novos. E os encanta."
Edson Marques.
Àquela hora, embora fosse ainda muito cedo, já havia preparado dois relatórios, lido e respondido vários e-mails e enviado mais alguns. Tinha a agenda aberta à sua frente, tentando descobrir um brechinha, onde pudesse encaixar um pouco de prazer. Estava exausto. Perdera alguns minutos, pensando nisso e já se aborrecera. Então desistiu. Saiu. Seguiu pelo mesmo caminho, tão conhecido, que nem o via mais. Ao chegar no escritório, recebeu os "bons dias" automáticos acompanhados de leves sorrisos, mais automáticos ainda. Mal entrara em sua sala e a copeira, sorridente apareceu com seu café e água. O interfone toca e a voz enfadonha da exímia secretária começa a passar diversos recados. Ele não ouve nenhum e quando ela termina, apenas diz: hoje não estou e você não sabe para onde fui e nem quando retornarei. Ela ainda insiste com alguns recados, ele repete e desliga...
Vai ao Aeroporto Nacional de Congonhas, sem passagem comprada com antecedência e apenas movido por um impulso.O celular insiste em tocar. Ele desliga. No banheiro, impetuosamente arranca o paletó e joga no lixo, em seguida se livra da gravata
e sorri olhando para as vestes amassadas, que antes tratava com tanto esmero.
Olha-se no espelho, como se nunca o tivesse visto antes...
No saguão, procura um bar e se acomoda em uma mesa, aclopada com outra, onde um casal conversava. Sempre tivera aversão a este tipo americano de mesas. Mas hoje não procura nada especial, segue um fluxo de nenhuma exigência. abre o notbook e vai direto para páginas de e-mails. A conversa de um casal ao lado impede sua concentração. Irritado fez menção de desligar, até que ouve:
- Cara, vc sabe, nunca vou a nenhuma balada sem êxtase, eu não consigo entar lá sem nada e curtir.
Era uma jovem, aparentando 25 anos, alta, bonita, com cara de "bem nascida", cabelos curtos. Ele , talvez com a mesma idade, um rosto bem desenhado, com traços
árabes e um com visual moderno.
- Êxtase!? isso já era. balada das boas mesmo, só rola LSD. êxtase, só em parada
pobre e aí não dá né.
- É verdade, outro dia fui numa festa e só tocava pagode e era o que tinha...hahahah
- Já fiz uma matéria sobre isso, na Alemanha. Lá , nem se compara com as baladas daqui. O pessoal é muito mais louco, muito mais liberal! Tem que ver. Aparentemente todo mundo é sério, mas vai nas baladas...
- É. foda.
Quase meio dia e ele ainda permanece à mesa, olhando os jovens que saem andando, lentos e despreocupados, gesticulando seus braços, na conversa que já não poderia mais ouvir. Olha para o Notbook, envia uma mensagem e o desliga. Hora de ir...mas pra onde?
Indeciso, volta para o estacionamento e sai com o carro. Parecia a primeira vez que a via a cidade. Olha tudo com muita atenção e procura placas que indiquem a Marginal Tietê e Via Dutra...
- A Alice que se foda! que se fodam todos. Cansei. Vida de robô, de filhodaputa,
de gente alienada. hahah, eu vou para "Pasárgada"!!!! hahahahaha
Após duas horas na estrada, procura uma cidade, onde compra umas roupas, um tênis, cigarros e um caderno para anotações. A idéia do caderno lhe surgiu nesse momento. Sempre tivera o hábito de anotar suas impressões, mas nunca lia nada do que escrevia. Almoça em uma lanchonete e segue a viagem.
Já está próximo do Rio de Janeiro, quando um vulto surge de repente na frente de seu carro o força a frear. Um jovem, de cabelos longos, mochila nas costas, se apresenta no vidro do carro.
- Aí chefia, desculpa aí, mas tô aqui desde cedo e, mano, ninguém pára não, resolvi tentar um suicídio, baseado na crença que tenho de que ninguém morre antes da hora. Tô indo pra Bahia e dependo de quem me leva, os trocos que tenho é só pra enganar a fome, que aliás tá pegando.
- Entra aí.
-Ops, valeu aí meu camarada! um conforto deste é até demais. Já caminhei um bocado e digo que faz bem; saí com a cabeça que era a bola toda do mundo e já tô até me sentindo feito esse ventinho que voa sem qualquer rumo. Tá indo pra onde?
- Pasárgada.
- Ah, é bem humorado! já vi gosta desse lance de nem sei pra onde vou pra ver se chego.
- É de São Paulo, cara?
-Sou sim.
- Sou de lá também, mas cansei da zoeira, tô querendo sossego, precisando me alinhar, encontrar umas paradas que faça a minha. Fiquei cheio de pai, mãe, namorada pegando no meu pé. Desde que nasci, nunca me deram sossego.
Fiz tudo o que eles queriam. Ai, entrei na porra de Direito, por que ele quís, meu pai, que é desembargador. Dois anos empurrados, eu queria fazer matemática e fui, prestei matemática na estadual de Campinas e entrei, mas na hora de ir, não fui.
Não tive coragem de deixar minha casa, meu irmão. Covarde heim?, é fui sim.
Fui fazer turismo e me tornei turista em dois meses. Detestei. Aí, meus pais piraram e me levaram num psiquiatra. Só serviu pra minha mãe ficar ainda mais doida, só porque o louco do "Pi", disse que eu viajava demais, que esta fora da realidade e que isto era um sintoma de esquizofrenia, que eu estava por um triz. E lá fui eu, duas vezes por semana, sentadinho no divã. Ah, me dei alta. Muito blá, blá, blá... Mas eu sabia, sempre soube, que me sufocaram demais, cuidaram demais....Um dia veio uma luz e resolvi fazer cinema e tô fazendo, quer dizer, tranquei a matrícula este ano, fui pro quarto ano. Mas este, cara, vou descansar e dar um descanso pra eles. Tá aqui o celular, sem bateria...mas fala aí, fiquei esses dias sem falar e nem tô dando pausa!
Ivonefs
"Quem navega com mapas e bússolas não descobre mais nada. Só a alegria dos navegantes errantes é que descobre mundos novos. E os encanta."
Edson Marques.
Àquela hora, embora fosse ainda muito cedo, já havia preparado dois relatórios, lido e respondido vários e-mails e enviado mais alguns. Tinha a agenda aberta à sua frente, tentando descobrir um brechinha, onde pudesse encaixar um pouco de prazer. Estava exausto. Perdera alguns minutos, pensando nisso e já se aborrecera. Então desistiu. Saiu. Seguiu pelo mesmo caminho, tão conhecido, que nem o via mais. Ao chegar no escritório, recebeu os "bons dias" automáticos acompanhados de leves sorrisos, mais automáticos ainda. Mal entrara em sua sala e a copeira, sorridente apareceu com seu café e água. O interfone toca e a voz enfadonha da exímia secretária começa a passar diversos recados. Ele não ouve nenhum e quando ela termina, apenas diz: hoje não estou e você não sabe para onde fui e nem quando retornarei. Ela ainda insiste com alguns recados, ele repete e desliga...
Vai ao Aeroporto Nacional de Congonhas, sem passagem comprada com antecedência e apenas movido por um impulso.O celular insiste em tocar. Ele desliga. No banheiro, impetuosamente arranca o paletó e joga no lixo, em seguida se livra da gravata
e sorri olhando para as vestes amassadas, que antes tratava com tanto esmero.
Olha-se no espelho, como se nunca o tivesse visto antes...
No saguão, procura um bar e se acomoda em uma mesa, aclopada com outra, onde um casal conversava. Sempre tivera aversão a este tipo americano de mesas. Mas hoje não procura nada especial, segue um fluxo de nenhuma exigência. abre o notbook e vai direto para páginas de e-mails. A conversa de um casal ao lado impede sua concentração. Irritado fez menção de desligar, até que ouve:
- Cara, vc sabe, nunca vou a nenhuma balada sem êxtase, eu não consigo entar lá sem nada e curtir.
Era uma jovem, aparentando 25 anos, alta, bonita, com cara de "bem nascida", cabelos curtos. Ele , talvez com a mesma idade, um rosto bem desenhado, com traços
árabes e um com visual moderno.
- Êxtase!? isso já era. balada das boas mesmo, só rola LSD. êxtase, só em parada
pobre e aí não dá né.
- É verdade, outro dia fui numa festa e só tocava pagode e era o que tinha...hahahah
- Já fiz uma matéria sobre isso, na Alemanha. Lá , nem se compara com as baladas daqui. O pessoal é muito mais louco, muito mais liberal! Tem que ver. Aparentemente todo mundo é sério, mas vai nas baladas...
- É. foda.
Quase meio dia e ele ainda permanece à mesa, olhando os jovens que saem andando, lentos e despreocupados, gesticulando seus braços, na conversa que já não poderia mais ouvir. Olha para o Notbook, envia uma mensagem e o desliga. Hora de ir...mas pra onde?
Indeciso, volta para o estacionamento e sai com o carro. Parecia a primeira vez que a via a cidade. Olha tudo com muita atenção e procura placas que indiquem a Marginal Tietê e Via Dutra...
- A Alice que se foda! que se fodam todos. Cansei. Vida de robô, de filhodaputa,
de gente alienada. hahah, eu vou para "Pasárgada"!!!! hahahahaha
Após duas horas na estrada, procura uma cidade, onde compra umas roupas, um tênis, cigarros e um caderno para anotações. A idéia do caderno lhe surgiu nesse momento. Sempre tivera o hábito de anotar suas impressões, mas nunca lia nada do que escrevia. Almoça em uma lanchonete e segue a viagem.
Já está próximo do Rio de Janeiro, quando um vulto surge de repente na frente de seu carro o força a frear. Um jovem, de cabelos longos, mochila nas costas, se apresenta no vidro do carro.
- Aí chefia, desculpa aí, mas tô aqui desde cedo e, mano, ninguém pára não, resolvi tentar um suicídio, baseado na crença que tenho de que ninguém morre antes da hora. Tô indo pra Bahia e dependo de quem me leva, os trocos que tenho é só pra enganar a fome, que aliás tá pegando.
- Entra aí.
-Ops, valeu aí meu camarada! um conforto deste é até demais. Já caminhei um bocado e digo que faz bem; saí com a cabeça que era a bola toda do mundo e já tô até me sentindo feito esse ventinho que voa sem qualquer rumo. Tá indo pra onde?
- Pasárgada.
- Ah, é bem humorado! já vi gosta desse lance de nem sei pra onde vou pra ver se chego.
- É de São Paulo, cara?
-Sou sim.
- Sou de lá também, mas cansei da zoeira, tô querendo sossego, precisando me alinhar, encontrar umas paradas que faça a minha. Fiquei cheio de pai, mãe, namorada pegando no meu pé. Desde que nasci, nunca me deram sossego.
Fiz tudo o que eles queriam. Ai, entrei na porra de Direito, por que ele quís, meu pai, que é desembargador. Dois anos empurrados, eu queria fazer matemática e fui, prestei matemática na estadual de Campinas e entrei, mas na hora de ir, não fui.
Não tive coragem de deixar minha casa, meu irmão. Covarde heim?, é fui sim.
Fui fazer turismo e me tornei turista em dois meses. Detestei. Aí, meus pais piraram e me levaram num psiquiatra. Só serviu pra minha mãe ficar ainda mais doida, só porque o louco do "Pi", disse que eu viajava demais, que esta fora da realidade e que isto era um sintoma de esquizofrenia, que eu estava por um triz. E lá fui eu, duas vezes por semana, sentadinho no divã. Ah, me dei alta. Muito blá, blá, blá... Mas eu sabia, sempre soube, que me sufocaram demais, cuidaram demais....Um dia veio uma luz e resolvi fazer cinema e tô fazendo, quer dizer, tranquei a matrícula este ano, fui pro quarto ano. Mas este, cara, vou descansar e dar um descanso pra eles. Tá aqui o celular, sem bateria...mas fala aí, fiquei esses dias sem falar e nem tô dando pausa!
Ivonefs
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