então. agora eu transpus a luz do sol, porque queria me esconder bem atrás dele. clamei à noite que a lua cheia não viesse. não queria uma espiã. não foi preciso que nenhuma luz eu apagasse - quando elas mesmas se apagam. há muitos espantalhos por aí, eu pensei caminhando pelas ruas. o milagre das coisas, nas mínimas coisas, eu o valido, mas as cores que meus olhos decodificavam fugiram-me. os tempos difíceis ignoram minha delicadeza. eu peso o mesmo ou um pouco mais, quem sabe, do que uma pétala... se fosse apenas viver...
esse pensamento me pegou de jeito. apenas viver.
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
domingo, 23 de agosto de 2009
deixa o poema se expor
não te cabes mudar qualquer palavra
tentar camuflagem
deixa o poema
que seja ele como quiser
inda que o olhes
e te sintas indecoroso:
resigna-te
que maior indecência seria pois o cativeiro!
tentar camuflagem
deixa o poema
que seja ele como quiser
inda que o olhes
e te sintas indecoroso:
resigna-te
que maior indecência seria pois o cativeiro!
terça-feira, 18 de agosto de 2009
entrega-te
que relutância essa
a segregar o lixo
num engasgo tóxico
quando mortais são os danos
faltal?
que renascer seja!
a segregar o lixo
num engasgo tóxico
quando mortais são os danos
faltal?
que renascer seja!
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
Resgate
(para Juliano Guerra)
a soberania do sol
o que vem e invade
cedo ainda a janela
desconhece
que de manhã
a noite tomou seus pulsos
arrancou suas vestes
e o levou - preso -
em busca da liberdade
sobre paredes
e extensões aramadas
o sol ardido
desconhece as criaturas
que desconhecem o sol
quando estão perdidas
e desconhece os medos
da noite que antecede...
a soberania do sol
o que vem e invade
cedo ainda a janela
desconhece
que de manhã
a noite tomou seus pulsos
arrancou suas vestes
e o levou - preso -
em busca da liberdade
sobre paredes
e extensões aramadas
o sol ardido
desconhece as criaturas
que desconhecem o sol
quando estão perdidas
e desconhece os medos
da noite que antecede...
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
Decepção
quero ir a um bar e tenho um propósito. é sempre o propósito, mas qual o pretexto? hoje ainda não dá. não consegui me convencer e não ir será um alívio. antes, porém, rondei silenciosamente e depois dormi.
hoje, que já outro dia, não um depois, vários: fui. não houve nenhum contra argumento, não precisei me convencer. era certo. fui como se cumprisse uma profecia.
existem várias formas de se matar um fantasma, mas olhá-lo nos olhos é a mais pungente, pensei. fotografei-o, editei no picasa. mais nitidez, mais brilho, contraste, sombra, luz de preenchimento. um fantasma perfeito.
odiei o cara da mesa vizinha, que me olhava insistentemente e como desculpa para falar-me pedia de vez em quando meu isqueiro.
constrangimento: o fantasma me deu as costas. o mundo ebuliu por dentro. uma porta aberta.
saí d i s c r e t a m e n t e.
qualquer desculpa será aceita pela minha ausência... mas matar pelas costas... é covardia.
hoje, que já outro dia, não um depois, vários: fui. não houve nenhum contra argumento, não precisei me convencer. era certo. fui como se cumprisse uma profecia.
existem várias formas de se matar um fantasma, mas olhá-lo nos olhos é a mais pungente, pensei. fotografei-o, editei no picasa. mais nitidez, mais brilho, contraste, sombra, luz de preenchimento. um fantasma perfeito.
odiei o cara da mesa vizinha, que me olhava insistentemente e como desculpa para falar-me pedia de vez em quando meu isqueiro.
constrangimento: o fantasma me deu as costas. o mundo ebuliu por dentro. uma porta aberta.
saí d i s c r e t a m e n t e.
qualquer desculpa será aceita pela minha ausência... mas matar pelas costas... é covardia.
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
olhares e lentes
Ei!?
cadê a beleza daqui!?
eu despejava pedregulos, pelo tilintar das pedras
e tapava os vazios...
o peso me fazia dormir algumas horas...
Não fosse o zunido uníssono do bar carregado,
e a ausência de ouvido às palavras apressadas,
a calçada seria a velha pisoteada dos passos etílicos
e a luz que dançava nas folhas, das árvores centenárias,
cederia ao sol, sem ao menos, um lugar na minha lembrança,
hoje ambas amanheceram com um segredo...
a beleza... a beleza...
essa se sustenta onde ninguém a vê, mas a sente...
cadê a beleza daqui!?
eu despejava pedregulos, pelo tilintar das pedras
e tapava os vazios...
o peso me fazia dormir algumas horas...
Não fosse o zunido uníssono do bar carregado,
e a ausência de ouvido às palavras apressadas,
a calçada seria a velha pisoteada dos passos etílicos
e a luz que dançava nas folhas, das árvores centenárias,
cederia ao sol, sem ao menos, um lugar na minha lembrança,
hoje ambas amanheceram com um segredo...
a beleza... a beleza...
essa se sustenta onde ninguém a vê, mas a sente...
sábado, 1 de agosto de 2009
Só
falarei comigo, quando meus amigos me deixarem.
dizer-me é tão mais... assustador? minha verdade de mim é impiedosa. não me diz aquelas pequenas mentiras, onde disfarço meus desapontamentos e me apresento tão maquiada que os convenço. e me convenço .
nem me diz as grandes mentiras que engulo e finjo que acredito. é todo meu quarto iluminado ou escuro, janelas cerradas ou abertas, dia e noite. é todo passo a vagar pelo teto comendo horas e horas com deduções inutéis. é todo vazio que me toma...
dizer-me é tão mais... assustador? minha verdade de mim é impiedosa. não me diz aquelas pequenas mentiras, onde disfarço meus desapontamentos e me apresento tão maquiada que os convenço. e me convenço .
nem me diz as grandes mentiras que engulo e finjo que acredito. é todo meu quarto iluminado ou escuro, janelas cerradas ou abertas, dia e noite. é todo passo a vagar pelo teto comendo horas e horas com deduções inutéis. é todo vazio que me toma...
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