segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Não sei o que há...mas isso ocorre muito..muito comigo...
desde ontem à noite uns versos de Ana Cristina Cesar em minha cabeça...
eis que os encontro e me espanto!
o título do poema...o título do poema, será este mesmo? sim . é.

"21 de fevereiro" e hoje é 21 de fevereiro...



Os versos em minha cabeça: "Fica boazinha, dor..."


Eis o poema:


‎21 de fevereiro

Não quero mais a fúria da verdade. Entro na sapataria popular.
Chove por detrás. Gatos amarelos circulando no fundo.
Abomino Baudelaire querido, mas procuro na vitrina um
modelo brutal. Fica boazinha, dor; sábia como deve ser, não tão
generosa, não. Recebe o afeto que se encerra no meu peito. Me
calço decidida onde os gatos fazem que me amam, juvenis,
reais. Antes eu era 36, gata borralheira, pé ante pé, pequeno
polegar, pagar na caixa, receber na frente. Minha dor. Me dá a
mão. Vem por aqui, longe deles. Escuta, querida, escuta. A
marcha desta noite. Se debruça sobre os anos neste pulso. Belo
belo. Tenho tudo que fere. As alemãs marchando que nem
homem. As cenas mais belas do romance o autor não soube
comentar. Não me deixa agora, fera.



Ana Cristina Cesar

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

"Para ser grande, sê inteiro"

você tira a roupa

mas ele é homem
você não tem um nome
vomita em seguida
perca a memória
vai
com seus pensamentos
se morta essa parte aos olhos alheios
acompanha nos compassos de cada segundo
sua sombra pesada
a parte latente
o choque entorpecente
se
do pré aviso não se deu conta
não conta
ainda assim o domínio
a parte inteira
um rio que sabe do mar
leva sozinha
sua santidade
por essa vontade in-contida (de amar)



(Ivone fs) 18/02 - 9:00

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Frestas

guarda para si
o terror das madrugadas
seu inferno de alegorias entre cambraias
manto tenebroso sufocando a orla de sua existência
a aridez dos gemidos

- porque eu choro por nós e não mais rogo -

se toda vez é a última
nada se acumula que não sejam dedos a implorar num braço estendido
cai a escuridão
cai em si a impossibilidade do casulo

o céu aberto
em vigília
letras de Lautréamont
emaranhados se multiplicando
fogem os estreitamentos

guarda para si
guarda para si

- porque eu choro por nós e não mais rogo -


Ivone fs - 15/02/2011 - 13:26

domingo, 13 de fevereiro de 2011

eu custo a compreender. talvez por achar compreender algo assim...resignado
explícito demais. estado terminal...
compreender : a realidade é feia

- eu me decepcionei...
- então você caiu na real?!
- não. não é isso de cair na real. eu me decepcionei, entende?
- saiu do círculo, da fantasia!
- não. não é isso. eu gosto do estado de encantamento
- hãn?
- eu me decepcionei. eu me decepcionei

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

um ponto que encerra, um ponto que inicia

antes de iniciar o verso, um ponto
um ponto que encerra
um ponto que inicia
um ponto no meio: eis um leque: pontos de interrogação: eis minha sabedoria