domingo, 29 de março de 2009

Ele diz: (Ricardo Pozzo e Ivone fs)

- tá com raiva?
- hoje quero ser pedra mais que saliva
- voce quer ser a medusa?
- não. mas olharia nos olhos dela
- a vitima dela?
- não vítima
- suicidazinha!
- vontade...
- olha para trás, igual a mulher de lot
- mulher de lot?
- de sodoma e gomorra
- e virar pedra?
- de sal
e sodoma e gomorra viraram o mar morto
mas aí quem sabe te lambam pelo menos
- as vacas adoram lamber sal...
- eu seria uma vaca
- o sal faz flutuar
- o corpo
- num mar morto salino
- credo... ta mais pra hebréia que pra grega então

ondulações

acho bonita a cidade assim
vista daqui do alto

visto-a nos olhos

hoje de neblina
seda londrina

Sobram as palavras

em que sentido?
nenhum. bloqueio de direção.

viraram um amontoado
e, neste caso específico,

o poema estava do lado de fora.

acordei

acordei
agora talvez eu durma mais.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Paisagem

Do vento, uma rajada
onde transpareço nuvem

De um sopro, um alarde
rebatendo no teto

Uma sensação
parando entre os olhos e o tempo corrido

Um carro,
uma marginal em vai e vem

Um Pinheiros de tez lisa plúmbea
escondendo seu desespero

À saída de um esgoto,
uma garça... solidão.

terça-feira, 3 de março de 2009

O mundo é muito barulhento

Faça-se silêncio

que hoje preciso dos ruídos
das árvores
das águas
das pedras

em choque com o vento
e só.

Ânsias e mármore

Quem dera fosse eu iludida.
Por que vazam-me os olhos
as certezas cruas inauditas?
Por que vazam-me os olhos?

Ronda-me um abraço inédito
Incendeia qualquer riso pouco
Abrasam cinzas em descrédito
Ao vir vento sopro intrépido

Qual beleza fria, fotografia,
O deserto, a solidão a esmo,
Refletindo assaz água viva

Porque certa é a imagem nua,
Céu de um pensamento audaz
Que na dureza não se amotina.