sexta-feira, 27 de novembro de 2009

sob prescrição

cinquenta miligramas
e entro no sonho do nada...

posso viver sem o mundo
descansar as unhas

e o amanhã tanto faz
como este poema.

como vingança, se assim quiseres

reservo
como numa receita culinária
um tempo certo
pra maturação

e aí desanda o pensamento
a viagem que fora, nada aflora
e dentro um redemoinho

sintetizo:
esse olhar derruba o meu
palavras que não mentem

resigno?
não
tudo frustação

o tempo escureceu
as nuvens que sozinhas vagavam ganham companhia

fugaz
eu, definitivamente, estou no mundo de fantasias

pensamentos imediatos IV

digito
apago
digito
apago
digito
apago

ainda não posso
ainda é desgaste
ainda o guindaste



guia
vou pela guia
giro
ainda



andam falando muito por aí



dizem tanto
mas fazem pouco
do que dizem
os sedutores não podem ouvir



aquarela
mais água
insípida
odeio poesia concreta



meu coração na palma da mão
eu me vejo ao pulos



nesse ponto que chego
penso em quanto me movi
eu faria de novo
isso eu sei
eu faria de novo
se fosse igual o que senti



e esse final é o que menos importa...




no teu corpo
eu vi o abismo

ausentei-me

fez-se o mundo sua semelhança
girou todas as voltas
e jurei crer que esvaziava-me

era feito o infinito

a corrida sem pouso
o estribilio da canção eterna...

retrato

eu sou uma mulher sem graça
que ainda causa inveja e ciúme: é disso que rio
eu sou uma mulher sem graça...

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

sou poeta

perdida no silêncio
disfarçada à luz indireta

tudo tão igual
manhãs temporais
blecautes angústias

tudo tão inútil
memória passado
histórias embustes

uma página em branco
quase uma tortura

- entre a denúncia e o segredo, o degredo