Nenhum grito pode ser manso:
eis porque me arrepio!
sem rios de pranto
amanheço inconsciente
levada à fogueira
por um homem "santo",
mas ainda respiro
cravejada de esmeraldas
verde, sua raiva
amargando sua lira,
desposando fel,
fez-me demônio
rosas vermelhas
pétalas áscuas
amantes sublunares
sentidos abastados
relações inventadas
dobro os joelhos
e oro em seu olhar inocente:
livre-se daquela que seus pés prendem
e antes de qualquer morte,
quebrem-se todos os espelhos.
sábado, 27 de setembro de 2008
terça-feira, 16 de setembro de 2008
do outro lado
não deduzo o escuro
no fundo dos teus olhos
nem o sol
que os tornam dia,
imagino peixes
na calmaria dos teus lagos,
através do gelo
que não se quebra
no fundo dos teus olhos
nem o sol
que os tornam dia,
imagino peixes
na calmaria dos teus lagos,
através do gelo
que não se quebra
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
Deixo a marca do estorvo
Na luz apagada
um rosto que acende
num silêncio contido
cortina arriada,
um corpo e um cigarro...
o mesmo céu,
bordado dourado
estrelas alheias
e tuas palavras
as tuas palavras
tuas palavras...
um rosto que acende
num silêncio contido
cortina arriada,
um corpo e um cigarro...
o mesmo céu,
bordado dourado
estrelas alheias
e tuas palavras
as tuas palavras
tuas palavras...
fim de tarde
Um dia sentei no teu colo
no meio da rua
fui mais nua
que a rua
e nunca mais te vi
nem nunca mais me despi
no meio da rua
fui mais nua
que a rua
e nunca mais te vi
nem nunca mais me despi
Do que julgava eterno...
Tenho tido sono
estranho!
vejo uma luz se apagando.
No dia seguinte li este texto..."Livro do Desassossego"
'Os meus sonhos são um refúgio estúpido, como um guarda-chuva contra um raio.
Sou tão inerte, tão pobrezinho, tão falho de gestos e de atos.
Por mais que por mim me embrenhe, todos os atalhos do meu sonho vão dar a clareiras de angústia.
Mesmo eu, o que sonha tanto, tenho intervalos em que o sonho me foge, então as coisas aparecem-me nítidas. Esvai-se a névoa de que me cerco. E todas as arestas visíveis ferem a carne da minha alma. Todas as durezas olhadas me magoam o conhecê-las durezas. Todos os pesos visíveis de objetos me pesam por a alma dentro.
A minha vida é como se me batessem com ela.' FP
estranho!
vejo uma luz se apagando.
No dia seguinte li este texto..."Livro do Desassossego"
'Os meus sonhos são um refúgio estúpido, como um guarda-chuva contra um raio.
Sou tão inerte, tão pobrezinho, tão falho de gestos e de atos.
Por mais que por mim me embrenhe, todos os atalhos do meu sonho vão dar a clareiras de angústia.
Mesmo eu, o que sonha tanto, tenho intervalos em que o sonho me foge, então as coisas aparecem-me nítidas. Esvai-se a névoa de que me cerco. E todas as arestas visíveis ferem a carne da minha alma. Todas as durezas olhadas me magoam o conhecê-las durezas. Todos os pesos visíveis de objetos me pesam por a alma dentro.
A minha vida é como se me batessem com ela.' FP
Enquanto silencio ( Rita Medusa e Ivone fs
Desafios desfiam
em línguas múltiplas
rompem os desfiladeiros
e percorrem os ares
fluxos em sintonias descabidas
musicais flores de núpcias
em pesadelos abruptos
roem-me
E eu,
só queria uma dança contigo.
em línguas múltiplas
rompem os desfiladeiros
e percorrem os ares
fluxos em sintonias descabidas
musicais flores de núpcias
em pesadelos abruptos
roem-me
E eu,
só queria uma dança contigo.
Ainda
Ainda
que houvesse
uma única razão
para dormir ao teu lado
entre estes trapos
que restaram
valeria!
não tivesse sabido
da tua tão pouca exigência...
no entanto, agora penso:
é hora de limpar estes cantos
abrir a janela e ver o sol
(a próxima atração é de quinta)
eu vou, você fica.
que houvesse
uma única razão
para dormir ao teu lado
entre estes trapos
que restaram
valeria!
não tivesse sabido
da tua tão pouca exigência...
no entanto, agora penso:
é hora de limpar estes cantos
abrir a janela e ver o sol
(a próxima atração é de quinta)
eu vou, você fica.
Um dia depois de antes
Acendo uma vela,
as paredes dançam,
na meia-luz,
as lembranças:
o trânsito escondeu-se todo
na ambulância do meu desespero
que rodou, rodou num viaduto
irresoluto e rezou luto
na veia,
glicose, dipirona e antis
na seringa cheia
nada,
nada de imediato se absorve
as paredes dançam,
na meia-luz,
as lembranças:
o trânsito escondeu-se todo
na ambulância do meu desespero
que rodou, rodou num viaduto
irresoluto e rezou luto
na veia,
glicose, dipirona e antis
na seringa cheia
nada,
nada de imediato se absorve
Senha
Sou teu pólo
oposto
te eriço
os pelos
pelas antenas
tremulo
te circundo
muda,
enlaço
dormes
no abraço
quase pedra...
liquefaço-me
empoço-me
em teus poros
vou
contamino
atuo
contradigo
antes,
a que te adora...
aturas!
teu destino
determino
rasgo tuas veias
abro tuas vias
pra te ver sangrar
e te quero
no transbordamento
do descontentamento
no ponto em que te tornas
divino!
oposto
te eriço
os pelos
pelas antenas
tremulo
te circundo
muda,
enlaço
dormes
no abraço
quase pedra...
liquefaço-me
empoço-me
em teus poros
vou
contamino
atuo
contradigo
antes,
a que te adora...
aturas!
teu destino
determino
rasgo tuas veias
abro tuas vias
pra te ver sangrar
e te quero
no transbordamento
do descontentamento
no ponto em que te tornas
divino!
Selvagem II
Selvagem II
tem noites tão nuas
que a cama se transporta
ao relento do branco
da lua
sinto-me há milhões de anos,
quando ainda vivia numa matilha
tem noites tão nuas
que a cama se transporta
ao relento do branco
da lua
sinto-me há milhões de anos,
quando ainda vivia numa matilha
Selvagem
Quanto da loba sou
quanto da noite,
claros olhos
estelar
o uivo,
quanto nu
quanto cio
faro, instinto
ancestral
fera.
quanto da noite,
claros olhos
estelar
o uivo,
quanto nu
quanto cio
faro, instinto
ancestral
fera.
Muito tarde para ficar
Agora que ficou tarde, meu banquinho esquecido, embaixo da quaresmeira
quase soterrado de capim, oferece-se a mim. Como último recurso, de um passo teimoso, que resistiu a entrega, aceito teu polido osso: fazemo-nos companhia pelas nossas durezas! Carrego nos olhos o peso do desdém, o peso das pálpebras molhadas, o peso de palavras inéditas, jarradas que queimam, nas horas alertas, pois há um ano não durmo. De junho a junho. O tempo me ruiu. Veja só, naquele banquinho, finalmente adormeço. Do alto me vejo.
quase soterrado de capim, oferece-se a mim. Como último recurso, de um passo teimoso, que resistiu a entrega, aceito teu polido osso: fazemo-nos companhia pelas nossas durezas! Carrego nos olhos o peso do desdém, o peso das pálpebras molhadas, o peso de palavras inéditas, jarradas que queimam, nas horas alertas, pois há um ano não durmo. De junho a junho. O tempo me ruiu. Veja só, naquele banquinho, finalmente adormeço. Do alto me vejo.
I miss you
Flagaram-me com minhas cinco asas,
enquanto sobrevoava as escadarias do sonho
cinco sentidos
Fui morta pelos mísseis (MBIC),
...logo eu, que desdenhei das pedras
quando voei.
enquanto sobrevoava as escadarias do sonho
cinco sentidos
Fui morta pelos mísseis (MBIC),
...logo eu, que desdenhei das pedras
quando voei.
f-r-a-g-m-e-n-t-o-s
fragmentos
Sou hoje
feito uma árvore de outono.
e ainda tenho o inverno inteiro pra atravessar
calma...calma... te acalma... alma!
"Sou hoje fragmentos do que já fui,
lapsos que insistem em permanecer,
que tratam de costurar, de tecer,
o fio que me faz ser quem sou,
que garante os fragmentos de amanhã,
pois o hoje já passou. "
Eros
Sou hoje
feito uma árvore de outono.
e ainda tenho o inverno inteiro pra atravessar
calma...calma... te acalma... alma!
"Sou hoje fragmentos do que já fui,
lapsos que insistem em permanecer,
que tratam de costurar, de tecer,
o fio que me faz ser quem sou,
que garante os fragmentos de amanhã,
pois o hoje já passou. "
Eros
Sábado
Não quero bom dia
nem beijo
só que me surpreenda,
ainda cedinho,
com café na cama
e pão de queijo.
Poema que fiz pra Muryel e Leo..meus amigos escritores mineirinhos. uai!
nem beijo
só que me surpreenda,
ainda cedinho,
com café na cama
e pão de queijo.
Poema que fiz pra Muryel e Leo..meus amigos escritores mineirinhos. uai!
Saudade de Fernando N.
hoje acordei pensando em Fernando. caminhar sobre sua pele e passear em todos seus encantos. É bem aí que se sonha! ainda ouço como pulsa..pulsa...pulsa... o sol oposto que o cobre de sombras e o mar que o circunda e o embalança. não há, em toda essa terra, nada igual a Fernando de Noronha!
Mucio
"é de deixar
qualquer um maluco
uma das belezas
do meu pernambuco"
Mucio
"é de deixar
qualquer um maluco
uma das belezas
do meu pernambuco"
Se restasse ainda uma fagulha que fosse
Peço calma
digo que passa
peço que não chore
e choro
peço que desfaça
e dói
deixo
não faço mais nada
é o que me resta
Comentário dp poeta Mucio:
"resta ser
ser esta"
digo que passa
peço que não chore
e choro
peço que desfaça
e dói
deixo
não faço mais nada
é o que me resta
Comentário dp poeta Mucio:
"resta ser
ser esta"
Ao longe
Dirá do dia
e do lugar
que era outro:
foi pouso durante
pouso de instante
presa de um tempo
que era pouco
e do lugar
que era outro:
foi pouso durante
pouso de instante
presa de um tempo
que era pouco
terça-feira, 2 de setembro de 2008
:
Eu sei que pelo vidro começa meu passo
por ele, olho lá fora:
se não for pensado é pelo ímpeto!
Tudo isso me compõe:
uma mão amputada
e a transparência ilusória
onde bato a cara
e quebro...quebro a resistência:
qualquer hora te surpreendo!
por ele, olho lá fora:
se não for pensado é pelo ímpeto!
Tudo isso me compõe:
uma mão amputada
e a transparência ilusória
onde bato a cara
e quebro...quebro a resistência:
qualquer hora te surpreendo!
Insuficiência
Não trago o dia
nem preencho a página...
...estes espaços brancos
é a pena de estar vazia
nem preencho a página...
...estes espaços brancos
é a pena de estar vazia
Óleo sobre Tela - natureza morta
Eu talvez te admirasse
antes do beijo misericordioso...
meu coração revolveu-se
ao toque dos teus lábios imundos
Agora fico entre a perplexidade do engano
e um bolo de chocolate amargo
Fiquei pasma de saber.
antes do beijo misericordioso...
meu coração revolveu-se
ao toque dos teus lábios imundos
Agora fico entre a perplexidade do engano
e um bolo de chocolate amargo
Fiquei pasma de saber.
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