Atos e vozes
dos porões eclodem
é de areia a ilusão
e a loucura é desculpa
a palavra sustenta
teus fios indefinidos
balançando ao vento,
mas se enche de pó
e abusa da fé
dos crentes ingênuos
de carne e sangue escorrendo
expõe-se em reverso
reflexo da hora maldita
de vez , amadureceu e caiu...
Ivonefs
******************
domingo, 30 de dezembro de 2007
Dezembro despedaçado
história fria
olhos - secos
boca - aberta
mãos - vazias
peito - dor
e um eco
"- não se iluda"
tua voz
Ivonefs
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olhos - secos
boca - aberta
mãos - vazias
peito - dor
e um eco
"- não se iluda"
tua voz
Ivonefs
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Arte abstrata
Serei serena
na noite conturbada
Teu nome passeia
em meus lábios
- chamo e não o vejo
grito e não me escutas -
Meus delírios acordados
são como noites suspensas
quando caminho em nuvens densas
onde contorno os tons
Estás tão longe e penso - Kandinsky
Envolvo-me na paisagem indefinida
de tintas frescas, onde me componho
nas cores vibrantes que rimam
com teus seus olhos fortuitos...
Ivone Frans*s
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na noite conturbada
Teu nome passeia
em meus lábios
- chamo e não o vejo
grito e não me escutas -
Meus delírios acordados
são como noites suspensas
quando caminho em nuvens densas
onde contorno os tons
Estás tão longe e penso - Kandinsky
Envolvo-me na paisagem indefinida
de tintas frescas, onde me componho
nas cores vibrantes que rimam
com teus seus olhos fortuitos...
Ivone Frans*s
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In(consciência)
Diante da indiferença
o sangue escorria
do cordão cortado
Ivonefs
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o sangue escorria
do cordão cortado
Ivonefs
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Poesia
Num dia, sem sentido algum, me veio um Deus, com todas as promessas de que tudo me daria...
Noutro, alguém me disse que me daria a vida...
Hoje, eu tenho a poesia, minha fiel companhia, que não troco por ninguém.
Ivonefs
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Noutro, alguém me disse que me daria a vida...
Hoje, eu tenho a poesia, minha fiel companhia, que não troco por ninguém.
Ivonefs
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Instante
As ondas remexiam
num chiado quebrado
sua boca me levou
num vôo acima das estrelas
o ventou brincou
no instante das rimas dadas
e nos banhamos
na delícia de nos ter...
Ivonefs
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num chiado quebrado
sua boca me levou
num vôo acima das estrelas
o ventou brincou
no instante das rimas dadas
e nos banhamos
na delícia de nos ter...
Ivonefs
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Artifícios
Tenho, além de vivido
tenho visto
e visto com outros olhos
claro, os meus,
que são castanhos, claro
e tenho me lembrado
do que ainda virá
tenho falado muiiiiito do que já foi
e tenho percebido uma grande mudança
em torno, em volta , e dentro
- principalmente dentro
na superfície,
tudo permanece igual
aparentemente
- a superfície é a mais visível e mais escondida, já percebeu isso?
Ivonefs
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tenho visto
e visto com outros olhos
claro, os meus,
que são castanhos, claro
e tenho me lembrado
do que ainda virá
tenho falado muiiiiito do que já foi
e tenho percebido uma grande mudança
em torno, em volta , e dentro
- principalmente dentro
na superfície,
tudo permanece igual
aparentemente
- a superfície é a mais visível e mais escondida, já percebeu isso?
Ivonefs
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Ilusão
Caminhando na areia
as pegadas atrás, o mar engole
quando me volto, nada vejo
- é assim a ilusão
Ivonefs
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as pegadas atrás, o mar engole
quando me volto, nada vejo
- é assim a ilusão
Ivonefs
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Caminhando nas fendas
Não escolho
o vago
do querer
incerto
caminhando
nas fendas
onde a vida
vira e aperta
sinto
nos pés
as pedras
que nunca
em tempo
advinho
e o peso
que me
assola
pela boca
da angústia
me engole
abraçam-me
em meu ninho
os sonhos
que me velam
em redemoinhos
me entontecem
e afinal
escapam
sempre a mesma
solidão...
Ivonefs
o vago
do querer
incerto
caminhando
nas fendas
onde a vida
vira e aperta
sinto
nos pés
as pedras
que nunca
em tempo
advinho
e o peso
que me
assola
pela boca
da angústia
me engole
abraçam-me
em meu ninho
os sonhos
que me velam
em redemoinhos
me entontecem
e afinal
escapam
sempre a mesma
solidão...
Ivonefs
Sonho barroco
Palavras dançam
num vai e vem
e secretas
fazem minha síntese
dileta
o sol ralo
deixa a tarde
e tudo ao redor
permanece
estático
o mesmo nome
o mesmo rosto
num elo atrelo
um sonho barroco
que dorme comigo
Ivonefs
num vai e vem
e secretas
fazem minha síntese
dileta
o sol ralo
deixa a tarde
e tudo ao redor
permanece
estático
o mesmo nome
o mesmo rosto
num elo atrelo
um sonho barroco
que dorme comigo
Ivonefs
sábado, 22 de dezembro de 2007
De noite
Amar o deserto
o sereno caindo
Amar a saudade
a certeza de nada
Viver à beira da linha
estar em colapso
E chorar num compasso
do Chico e da Nana Caymmi
"Até pensei"
Ivonefs
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o sereno caindo
Amar a saudade
a certeza de nada
Viver à beira da linha
estar em colapso
E chorar num compasso
do Chico e da Nana Caymmi
"Até pensei"
Ivonefs
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Sal
Não meço. Arremesso. Me lanço.
O que há de mais surdo que palavras jogadas a quem não se interessa, a quem não se destina, não pelo endereço , mas porque não lhe cabe? Será? ...Desgastes...
A nascente, quando jorra a água, empurra a areia e sai,
porque a fonte destina a água doce ao mar.
A água doce serve em seu curso, a quem dela precisa, mas o que ela precisa é se misturar ao sal.
A palavra de amor é como a água, vem da fonte que lhe ordena e tem seu destino:
um ouvido que a absorverá e lhe dará o sentido. E em seus tantos vôos, na louca procura, muitas vezes confunde-se diante dos olhos, nas alegorias e adereços e não dança nas esferas que lhe dá vida. Vagueia, como num sonho, e a um leve toque, desperta em dor, ao ver por trás dos dias, as horas alegres, intocáveis, desintegradas . Mais um engano que custa a aceitar? E a palavra dança, afoga-se e rodopia ao vento, enquanto o sonho dos sonhadores não alcança o sal da vida. O coração, dilacerado, esperneia e sente em suas costas o auto flagelo a que se encerra...e bate ... batidas de saber que há olhos que não vêem.
O que há de mais surdo que palavras jogadas a quem não se interessa, a quem não se destina, não pelo endereço , mas porque não lhe cabe? Será? ...Desgastes...
A nascente, quando jorra a água, empurra a areia e sai,
porque a fonte destina a água doce ao mar.
A água doce serve em seu curso, a quem dela precisa, mas o que ela precisa é se misturar ao sal.
A palavra de amor é como a água, vem da fonte que lhe ordena e tem seu destino:
um ouvido que a absorverá e lhe dará o sentido. E em seus tantos vôos, na louca procura, muitas vezes confunde-se diante dos olhos, nas alegorias e adereços e não dança nas esferas que lhe dá vida. Vagueia, como num sonho, e a um leve toque, desperta em dor, ao ver por trás dos dias, as horas alegres, intocáveis, desintegradas . Mais um engano que custa a aceitar? E a palavra dança, afoga-se e rodopia ao vento, enquanto o sonho dos sonhadores não alcança o sal da vida. O coração, dilacerado, esperneia e sente em suas costas o auto flagelo a que se encerra...e bate ... batidas de saber que há olhos que não vêem.
Lugar nenhum
A cor do dia
quero ver o sol
e andar no balanço
de nenhuma direção
correr pelas ruas
e esquecer o beijo
da madrugada fria
que não dormi
Comi poesias coloridas
no escuro - e até sorri -
que no claro ofuscaram
em preto e branco
vi na arte as misturas
a luxúria, os olhos puros
e papéis de embrulho
cada coisa em seu lugar
um lugar para cada uma
e eu
sem nenhum...
Ivonefs
quero ver o sol
e andar no balanço
de nenhuma direção
correr pelas ruas
e esquecer o beijo
da madrugada fria
que não dormi
Comi poesias coloridas
no escuro - e até sorri -
que no claro ofuscaram
em preto e branco
vi na arte as misturas
a luxúria, os olhos puros
e papéis de embrulho
cada coisa em seu lugar
um lugar para cada uma
e eu
sem nenhum...
Ivonefs
segunda-feira, 17 de dezembro de 2007
Semen(te) -- (revisitado)
Sêmen,
Prazer que fecunda.
Do sonho, proponho o filho que quero por nome Antonio,
Derrama, sagrada semente, que engulo em doses.
Do beijo, desejo a fome que leva a ter teu despejo.
Em mim, nas minhas espumas, encontras teu berço.
De ti nasceu Afrodite
que mora em mim.
Ivonefs
Prazer que fecunda.
Do sonho, proponho o filho que quero por nome Antonio,
Derrama, sagrada semente, que engulo em doses.
Do beijo, desejo a fome que leva a ter teu despejo.
Em mim, nas minhas espumas, encontras teu berço.
De ti nasceu Afrodite
que mora em mim.
Ivonefs
Egoismo
Enquanto ele morria, ela sofria sua falta.
E ele só queria amar em paz, as ilusões de seus amores inventados.
Ivonefs 17/12/07
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E ele só queria amar em paz, as ilusões de seus amores inventados.
Ivonefs 17/12/07
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Lugar nenhum
A cor do dia
quero ver o sol
e andar no balanço
de nenhuma direção
correr pelas ruas
e esquecer o beijo
da madrugada fria
que não dormi
Comi poesias coloridas
no escuro e até sorri
mas no claro ofuscaram
em preto e branco
vi na arte as misturas
- a luxúria os olhos puros
e papéis de embrulho
cada coisa em seu lugar
e eu: sem nenhum
Ivonefs 17/12/07
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quero ver o sol
e andar no balanço
de nenhuma direção
correr pelas ruas
e esquecer o beijo
da madrugada fria
que não dormi
Comi poesias coloridas
no escuro e até sorri
mas no claro ofuscaram
em preto e branco
vi na arte as misturas
- a luxúria os olhos puros
e papéis de embrulho
cada coisa em seu lugar
e eu: sem nenhum
Ivonefs 17/12/07
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Antes da hora
Atos e vozes
dos porões eclodem
é de areia a ilusão
e a loucura é desculpa
a palavra sustenta
teus fios indefinidos
balançando ao vento,
mas se enche de pó
e abusa da fé
dos crentes ingênuos
de carne e sangue escorrendo
expõe-se em reverso
reflexo da hora maldita
de vez , amadureceu e caiu...
Ivonefs 17/12/2007
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dos porões eclodem
é de areia a ilusão
e a loucura é desculpa
a palavra sustenta
teus fios indefinidos
balançando ao vento,
mas se enche de pó
e abusa da fé
dos crentes ingênuos
de carne e sangue escorrendo
expõe-se em reverso
reflexo da hora maldita
de vez , amadureceu e caiu...
Ivonefs 17/12/2007
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Simbiose
Em vias alagadas
e pensamento ao vento,
a galope te beijo
imaginando
a hora presente
que grito teu nome
ser lá, na frente,
mãos dadas
risos, colo, cheiros
e mais Nada...
Ivonefs
e pensamento ao vento,
a galope te beijo
imaginando
a hora presente
que grito teu nome
ser lá, na frente,
mãos dadas
risos, colo, cheiros
e mais Nada...
Ivonefs
sábado, 15 de dezembro de 2007
Incômodo monólogo
Não olhes para meus olhos cegos, nem ouças minha voz. Eu corro atrás das nuvens, durmo nos tetos molhados e como os restos que surgem das mãos que nem sabem da minha fome. Não penses que apelo, eu só não posso carregar tanto peso, então despejo meus excessos, tento, assim, me aliviar. A pena já tem morte certa e o que eu desejo mesmo, é ser livre - das misérias, das migalhas, da língua que me sorve e nem sabe o sabor - e voar nos aclives das minhas angústias e fazer delas meus amigos qual São Francisco, acariá-los e em meu peito fazê-los dormir.
Não olhes para meus olhos cegos, pois neles só enxergas o que vês e nem ouças minha voz, são só ruídos proferidos, sobrepõe-te. Deterioremos todas as possibilidades, as idéias, os sentidos, porque dizer o que é preciso nos torna passível e o nosso cavalo está pronto para partida e as pontes atravessadas serão derrubadas e vazio nos distanciará para sempre. E o vazio permanecerá para sempre...
Ivonefs
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Não olhes para meus olhos cegos, pois neles só enxergas o que vês e nem ouças minha voz, são só ruídos proferidos, sobrepõe-te. Deterioremos todas as possibilidades, as idéias, os sentidos, porque dizer o que é preciso nos torna passível e o nosso cavalo está pronto para partida e as pontes atravessadas serão derrubadas e vazio nos distanciará para sempre. E o vazio permanecerá para sempre...
Ivonefs
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Só pra descontrarir
Escrevi
seu
nome
e escrevi
versos
que
rimavam
com
o meu
- Ande logo,
venha me ver!
as
rimas
são
pobres
e não
combinam
com
o seu
Ivonefs - 15/12/07
seu
nome
e escrevi
versos
que
rimavam
com
o meu
- Ande logo,
venha me ver!
as
rimas
são
pobres
e não
combinam
com
o seu
Ivonefs - 15/12/07
Adversidades
Perséfone, enfurecida, escureceu a era, sem a cria, que dorme em outro mundo. O grão duro, enquanto isso, umedecido por suas lágrimas, amolece. O novo dia, ainda amanheceu nublado...
Ivonefs - 14/12/07
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Ivonefs - 14/12/07
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Incômodo
Incômodo
Infortúnio do inesperado:
nos traços apagados
um gemido atônito
/ivonefs - 13/12/07
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Infortúnio do inesperado:
nos traços apagados
um gemido atônito
/ivonefs - 13/12/07
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Substância diáfana
Sob o céu fechado, escassez e inquietude. E no escuro, vejo o que a luz escondia, as coisas que são e ainda não são. Uma única flor vermelho vivo me cobre e debaixo dela me enfio, percorro os quilômetros de areia e quando me aproximo da exuberância que procuro, o caminho se faz árduo e me turva a vista. Só mais um pouco...Penerando o deserto, engatinho e atravesso a janela dos meus sonhos.
Verei o que encontro.
Ivonefs / 13/12/07
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Verei o que encontro.
Ivonefs / 13/12/07
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quarta-feira, 12 de dezembro de 2007
Passagem
A luzes do teatro se apagaram. Os ruídos se confundiam com o silêncio que se assentava. Do palco, sentia o vazio adormecido da platéia já distante. O perfume único, de tantas essências misturadas, ardia em meus olhos, que fitavam a primeira fileira, onde ainda te via... Você, uma cadeira livre, onde me sentaria ao seu lado...Ao aproximar-me o espaço estava preenchido por seus braços envoltos num corpo que em seu ombro pendia. Uma moça linda, e ambos em completa sintonia. Sentei-me ao fundo, em total desconforto, a garganta estranha, pela lágrima engolida. Da peça, só me lembro dos ensaios, quando me tocava, me confundia e em intimidade... quase se revelava..., mas sempre fugia, sim, sempre fugia me deixando nua, com seus odores pairando em minhas entranhas e minhas certezas flutuando nas horas seguintes, sem qualquer intervalo de sossego. Nem todos os segredos são revelados...Quando ele entrou pela minha porta me deu a vida e a morte... Minhas mãos vazias, tateiam no escuro, procurando a passagem, que me transportará para além deste cenário.
Ivonefs
Ivonefs
terça-feira, 11 de dezembro de 2007
Você não me Prometeu
Nos meus devaneios
imbuídos nas
horas incautas
devastadas pela
mórbida inércia,
que me pega
nos desvãos
da boca entreaberta
da dor que me queima
conjugo-me em passados
tempos-lembranças
Restam-me vôos
incertos pelos picos
dos rochedos nebulosos,
das encostas uivadoras
aonde penso, agonizarei
os meus lamentos
incrustados
em sulcos inóspitos
até completa asfixia
... ou dissolução
Em banquete,
oferecerei meu coração
às famintas aves de rapina,
antes que a noite termine
e o sol queira me cegar
com sua luz do novo dia.
A velas sim
velas enfileiradas,
acesas, recendentes
banhando-me na luz
da dor transcendente
quando não me abrasarão
por suas lágrimas
densamente quentes
- arrefecer-se-ão ao ar
congelado da rasa cova
aberta ao relento
onde entorpecida
finalmente gozarei ...
/Ivonefs
imbuídos nas
horas incautas
devastadas pela
mórbida inércia,
que me pega
nos desvãos
da boca entreaberta
da dor que me queima
conjugo-me em passados
tempos-lembranças
Restam-me vôos
incertos pelos picos
dos rochedos nebulosos,
das encostas uivadoras
aonde penso, agonizarei
os meus lamentos
incrustados
em sulcos inóspitos
até completa asfixia
... ou dissolução
Em banquete,
oferecerei meu coração
às famintas aves de rapina,
antes que a noite termine
e o sol queira me cegar
com sua luz do novo dia.
A velas sim
velas enfileiradas,
acesas, recendentes
banhando-me na luz
da dor transcendente
quando não me abrasarão
por suas lágrimas
densamente quentes
- arrefecer-se-ão ao ar
congelado da rasa cova
aberta ao relento
onde entorpecida
finalmente gozarei ...
/Ivonefs
segunda-feira, 10 de dezembro de 2007
...antes do sol nascer
na noite escura
estou clara, nas asas
da ária entregue
no semi nu
do meu rosto
- as sombras
as ditas horas
rodam entre cores
afogam meus poros
e o pó se espalha
nos ralhos que levo
por meus excessos
como cada palavras
vomito as esperas
descalça na areia
o sol vermelho
em chamas a poesia
- acorda!
/Ivonefs
estou clara, nas asas
da ária entregue
no semi nu
do meu rosto
- as sombras
as ditas horas
rodam entre cores
afogam meus poros
e o pó se espalha
nos ralhos que levo
por meus excessos
como cada palavras
vomito as esperas
descalça na areia
o sol vermelho
em chamas a poesia
- acorda!
/Ivonefs
Tua dor
Sinto tua dor,
então deito
os olhos
no peito
não vejo além
de um palmo
do chão
me faço refém
de carícias eternas
secas, amargas,
que hibernam
num corpo
calado
investi
desisti
insisti
agora
sem nada
nem amanheço
nem corro perigo
sou sombra
retida
à margem
desta hora
que engasga
a única nota
de minha voz:
- ai!
então deito
os olhos
no peito
não vejo além
de um palmo
do chão
me faço refém
de carícias eternas
secas, amargas,
que hibernam
num corpo
calado
investi
desisti
insisti
agora
sem nada
nem amanheço
nem corro perigo
sou sombra
retida
à margem
desta hora
que engasga
a única nota
de minha voz:
- ai!
quinta-feira, 6 de dezembro de 2007
As minhas economias ( Ensaio poético)
As minhas economias, guardadas sob a minha pele, são atraídas por imãs que as devoram durante à noite, enquanto durmo. Como fantasmas sem rostos me amedrontam e dizem serem os donos dos meus sonhos, despejando toda sua jaculatória. De manhã, apressada, nem faço o sinal da cruz, esqueço a noite passada e pouso na barriga vazia do dia, onde busco as fantasias estampadas em todas as direções, que me levarão ao inútil pecado de insistir nos sonhos devorados. E quando o jogo recomeça, minhas palavras em estado vulnerável são leves e voam. Tal qual uma pena solta, não pousam. Pairam. E em sua transparência, não atingem o que quero, nem produzem as mudanças, não provocam os efeitos. São vistas de qualquer jeito. Se minhas palavras fossem como os raios, não perambulavam tanto, e seriam de imedito, sem passar por qualquer vista, engolidas e enterradas de vez. Pelo menos, não me empacariam... Mas pra quê tudo isso? O que eu quero dizer é que por mais que eu fale, ou mesmo que não fale, quem irá mudar o maldito desejo, que não está escrito, mas que insisto? Já estou no meio e nada poderá alterar o início. A partir daqui, sem nenhuma economia, de boca escancarada, de pele rasgada, desvelada... preciso caminhar... e em cada esquina, renascerá, alucinadamente, a expectativa de ouvir o que mais quero e que incansavelmente procuro. As minhas economias guardadas sob minha pele, foram roubadas e já nem preciso mais delas ...
/Ivonefs
***********************************************
/Ivonefs
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O rio
O dia amanheceu velho e cansado
e eu lamento as alegrias poluídas
de sabor amargo, pesado
desta indigesta manhã
Nas entranhas corroídas
as poças estagnadas infestam
meus passos paralisados
entre os muros fétidos que me enjoam
Vou para floresta
lá tem um rio que canta
e me conta os segredos esquecidos
que me acalantam
As sombras me cobrem
as palavras não golpeiam
e no barulho do rio
ouço uma oração e adormeço
/Ivonefs
e eu lamento as alegrias poluídas
de sabor amargo, pesado
desta indigesta manhã
Nas entranhas corroídas
as poças estagnadas infestam
meus passos paralisados
entre os muros fétidos que me enjoam
Vou para floresta
lá tem um rio que canta
e me conta os segredos esquecidos
que me acalantam
As sombras me cobrem
as palavras não golpeiam
e no barulho do rio
ouço uma oração e adormeço
/Ivonefs
Des(gosto)
Enquanto
te respiro
e cheiro,
tua presença
me enche
de vida
Enquanto
dormes,
vigio
teu sono,
e eterno
te penso
Quando
te afastas
- mera inconsequência
e que tua
indiferença
não nos esmoreça
o amor ... ( mas quem disse que era?)
/Ivonefs
te respiro
e cheiro,
tua presença
me enche
de vida
Enquanto
dormes,
vigio
teu sono,
e eterno
te penso
Quando
te afastas
- mera inconsequência
e que tua
indiferença
não nos esmoreça
o amor ... ( mas quem disse que era?)
/Ivonefs
domingo, 2 de dezembro de 2007
Simplesmente você
Voaram as horas
em meu silêncio
e eu vi...
vi tudo claro
me despi
da descrença
e no tempo
renasci
achei até graça
das lágrimas
dos rios salgados
das piedades
da quase guerra
da quase desistência
quase inexistência...
vi tudo novo
diante
bem aqui
admiti
te amo sim
e é assim
simplesmente
desde o instante
da primeira vez
que te vi
te faço poesia
me faço livre
e aonde quer
que eu vá
levo comigo
o que sou
que não invento
assim te sinto
em todas as cores
dos versos
claros
até o infinito..
/Ivonefs
em meu silêncio
e eu vi...
vi tudo claro
me despi
da descrença
e no tempo
renasci
achei até graça
das lágrimas
dos rios salgados
das piedades
da quase guerra
da quase desistência
quase inexistência...
vi tudo novo
diante
bem aqui
admiti
te amo sim
e é assim
simplesmente
desde o instante
da primeira vez
que te vi
te faço poesia
me faço livre
e aonde quer
que eu vá
levo comigo
o que sou
que não invento
assim te sinto
em todas as cores
dos versos
claros
até o infinito..
/Ivonefs
sábado, 1 de dezembro de 2007
Sem você
Andarei chovendo nos picos
dos rochedos nebulosos
terei os falcões por companhia
indiferentes aos meus gritos
e o eco... o eco...
entoarão a resposta
e em banquete
oferecerei meu coração.
/Ivonefs - 01/12/07
dos rochedos nebulosos
terei os falcões por companhia
indiferentes aos meus gritos
e o eco... o eco...
entoarão a resposta
e em banquete
oferecerei meu coração.
/Ivonefs - 01/12/07
Além da promessa
Vi o dia nascendo
com sabor estático-frio
inconsciência doentia
fragmentos, enfastio
o olhar estagnado
mergulhado nos ínferos
acumulou a distância
desprendeu o vínculo
e o que eu mais queria
desandou em indiferença
a promessa corrompida
me abateu... perdi a crença.
peguei um mapa, viajei
não olhei mais para trás
não fiz falta, causei alívio
não era nada, nem era demais.
/Ivonefs - 30/11/07
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com sabor estático-frio
inconsciência doentia
fragmentos, enfastio
o olhar estagnado
mergulhado nos ínferos
acumulou a distância
desprendeu o vínculo
e o que eu mais queria
desandou em indiferença
a promessa corrompida
me abateu... perdi a crença.
peguei um mapa, viajei
não olhei mais para trás
não fiz falta, causei alívio
não era nada, nem era demais.
/Ivonefs - 30/11/07
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O sol de hoje
O dia de ontem
separou as pastas da liga
aviltou o avivamento
do ávido movimento,
cobriu-se de negro
inundou além das margens
rangeu e deslizou
azoratado...
O dia de hoje
quebra das serras
os dentes que
espalharam a serradura
de minhas molduras
fabricadas nos arrufos
de pensamentos
revirados
o dia de amanhã...
...ainda tem o sol de hoje...
/Ivonefs - 28/11/2007
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separou as pastas da liga
aviltou o avivamento
do ávido movimento,
cobriu-se de negro
inundou além das margens
rangeu e deslizou
azoratado...
O dia de hoje
quebra das serras
os dentes que
espalharam a serradura
de minhas molduras
fabricadas nos arrufos
de pensamentos
revirados
o dia de amanhã...
...ainda tem o sol de hoje...
/Ivonefs - 28/11/2007
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Encontro das águas
.
Tua língua
na minha
influi
em cores e versos
azul-esverdeado
ocre-argila
- nus embriagados -
seria...
... Amazonas e Tapajós?
/Ivonefs - 29/11/2007
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Tua língua
na minha
influi
em cores e versos
azul-esverdeado
ocre-argila
- nus embriagados -
seria...
... Amazonas e Tapajós?
/Ivonefs - 29/11/2007
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Mata-me de vez
.
Não quero morrer aos poucos
que seja, então, de uma vez
Não ria do meu fracasso
... não tomo ácido...
a dor é em carne crua
Há cacos de vidro
sobre as ruas
onde antes descalça
e nua me deitei e tinha
a pele tua sobre a minha
/Ivonefs - 27/11/07
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Não quero morrer aos poucos
que seja, então, de uma vez
Não ria do meu fracasso
... não tomo ácido...
a dor é em carne crua
Há cacos de vidro
sobre as ruas
onde antes descalça
e nua me deitei e tinha
a pele tua sobre a minha
/Ivonefs - 27/11/07
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Ciranda
.
Na ciranda,
o bailado
é um cordão
e vários rostos
giram em meu sorriso
e apenas um eu vejo
mas o meu
é aos teus olhos
oculto
que só vê um outro
de outra ciranda
espectro e fogo
/Ivonefs - 27/11/07
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Na ciranda,
o bailado
é um cordão
e vários rostos
giram em meu sorriso
e apenas um eu vejo
mas o meu
é aos teus olhos
oculto
que só vê um outro
de outra ciranda
espectro e fogo
/Ivonefs - 27/11/07
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Paralelos
.
Rajadas
ondas aladas
névoa
lava rostos e aléias
sentinelas
na boca, o toque do céu
jasmins dão notícias
e te tenho colado
rasgando meus véus...
/Ivonefs - 25/11/07
Rajadas
ondas aladas
névoa
lava rostos e aléias
sentinelas
na boca, o toque do céu
jasmins dão notícias
e te tenho colado
rasgando meus véus...
/Ivonefs - 25/11/07
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