sábado, 20 de julho de 2013

detentos rumores

volta e dorme
sua incansável
inalcançável
essa resposta
... desvendar os olhos
descalçar as luvas
voltar à superfície
eu custo abandonar um caminho
antes de tentar
deixar tudo no seu devido lugar
uma história incompleta
como era para ser
as mensagens no celular
de madrugada
vão definindo os rumos
as águas se separam
o mar é um leito onde ninguém mais irá se reconhecer
quando o dia surgiu
os carros continuavam apressados
as esquinas pareciam estrangeiras
o sol de outono beija a face da noite embriagada
muda
rumo ao leito
o destino arranca as folhas prateadas de linhas pré desenhadas
antes do conhecimento, as fantasias
cabe o que não cabe
as formas disformes
nesse caso
brutalidades aos pés inocentes
nunca mais irei ao seu encontro
a febre inquieta move o sossego
eu quero cama
os olhos fechados
aterro às chagas
eu quero um passo sem desespero
declaro à esperança, que venha, se vier, com os pratos e talheres
que saiba antes, que nada tenho
não me dê sinais a tocar esse torpor
se desconhece meu canto
... eu ando nas trincheiras
há muito pouco espaço
entre uma linha e outra
o que separa é um fio
é um mundo

(Ivone fs)
eu tenho olhado o mundo
através do vidro
no meu conforto
é um estar sem estar sendo
fugindo do círculo

(Ivone fs)
a poesia é um abraço de chegada e partida
rompimento para um encontro
um adeus ao mundo
um mundo se abrindo
não ouso definições
fico em suas mãos

(Ivone fs)
num momento extremo, você pode decidir comprovar suas dúvidas: dificilmente o resultado lhe alegrará.

é extenso o tempo dos reparos, após os estilhaços, mas certamente, ao final, ressurgirá mais forte.

difícil agradar? que seja a você mesmo.

(Ivone fs)


30/11/2012

sábado, 13 de julho de 2013

sustento
tua falta

não penso


se pender ao findar do dia
e a noite adentro
uma asa sangrando
sem ataduras
verás que horizonte mórbido
é o da visão cansada
nenhum ruído senão um lençol
feito braços de mãe
ao atormentado corpo
recolhendo teu silêncio pesado
... dorme o anjo
semblante nu
castidade à luz de velas
ultraje aos pensamentos
trocados pela força
contrariedades à sua natureza
uma escravidão perene
à espera do amanhã
quem sabe
 



10/01
mas entre nós há o mundo
e isso não seria nada não fossem os caminhos
tantos rumos

Deus é a única coisa que a gente não precisa acreditar. é algo que se assimila ou não. o homem inventou Deus e ele passou a existir. daí o homem continuou inventando e criou uma instituição para aprisioná-lo, pois o homem tende sempre a querer ter o controle sobre todas as coisas e como alguns precisam muito ser o chefe, foram criando vários núcleos, reinventando mais coisas de Deus, sempre prezando pela hierarquia muito bem definida e rigorosa. o homem também precisa ser dominado, precisa render-se, pois não suporta sua limitação. então Deus é amor e temor

Em verdade vos digo: o homem não inventa nada, apenas descobre o que já existe
a moto era comum e quando virei a esquina, logo em seguida o trânsito estava parado em fila única. a rua fora afunilada por cones. olhei para o lado e havia uma moto da polícia estacionada. um comando. olhei para trás, meia quadra para voltar e ninguém parou atrás de mim. percebi que ninguém passaria sem a conferência de documentos. era como numa alfândega. sem capacete, sem habilitação para pilo...tar motos, mas porque eu estava fazendo isso? conversei com o pessoal do carro da frente, se alguém podia seguir com minha moto. ninguém habilitado e também, mesmo que alguém fosse, sem capacete não dava. eu olhava para trás. uma mulher disse que se eu voltasse fatalmente perceberiam e iriam atrás. cogitei o próximo carro mais à frente. nada. ignorei todos os olhares e voltei. na esquina havia um posto de gasolina e logo ao lado um empresa. entrei na empresa arrastando a moto. percebi pessoas de quem me esquivei. entrei numa sala e vi ao fundo um policial conversando com alguém. escondi a moto num recuo de uma parede irregular e subi as escadarias. entrei num quarto e quando ia me esconder no armário de roupas, entrou uma mulher, que saquei, era a dona da casa, com outra que me pareceu ser sua filha. ela disse que eles estavam lá embaixo me procurando. gelei. ela começou a falar da empresa, do marido, das suas infelicidades... o celular tocou. acordei
prece:

que eu não me prenda em nada que me impeça de ser quem eu sou e que ninguém tenha sobre mim o poder de me constranger. amém
vezes tentam prender seus braços
tentam incutir-lhe seus pensamentos
às vezes idealizam um mundo
de pessoas felizes e prósperas
mas eu não vejo a sua felicidade
e tentam lhe empurrar em sua enxurrada de detritos
às vezes eu só consigo ver o limite da parede do meu quarto
às vezes eu tento concluir algo pelas minhas experiências
elas fervilham. eu não encontro ordem alguma
às vezes eu só vejo su...as bocas gritando
eu não os compreendo
e me pergunto: o que querem?
o que sabem de mim?
façamos um trato: enquanto eu estiver dançando só me interessa a música. o passo será como eu senti-lo
 


jan/2023
Para Ficar Bom No Intervalo Da Fuga

"os nervos balançam
como flores apressadas para o encontro
seria o caso de fechar os olhos?
o vento esquece o endereço adormecido
sobre os cílios
se vacilo, ele morde
seria o caso de sair correndo
sem passaportes ou as unhas pintadas de perfumes?
... o trânsito das direções me embaraça
vaga-lumes me guiam
deixarei um rastro de confetes dentro dessa névoa
um desajuste em suas duas pupilas
mas caso me apanhe antes da queda
dispa-me
e te absorvo
como se estivesse
vencida."

(Ivone Fs & Paulo Sposati Ortiz)
uma história com olhos de argos não é diferente sob olhar de um ciclope. o coração é o mesmo. ele escolheu certo suas mulheres. vejo pelos seus filhos. que nunca os daria. a condição do amor, às vezes, é nocaute. grito surdo. absurdo. no ar, a dança incauta de quem não se importa do que é forrado o chão. quem apanha a bruma e a envolve seca? dei-lhe mais. não me alcança e me prende. eu sou a confusão. você escolhe a tarde de sol num sorriso manso. você faz muito bem suas escolhas.

jan/2013


ninguém roube meu sonho
meu amor garante a liberdade de não esconder-me
nem rastejar-me na humilhante subserviência
meu amor acorda e dorme absolvendo as desgraças
meu amor conhece a impotência diante dos inevitáveis desvios
meu amor não cobra a presença
espera o amor, não uma justificativa
meu amor é um pássaro em teu peito
um descanso no meio da jornada
meu amor tolera o delírio
... crê nas palavras não ditas
ouve os transeuntes
pacienta nas tormentas
meu amor é um sino no vilarejo
a criança descalça caminhando rumo ao tédio do entardecer
meu amor passou pelas tempestades
rangeu os dentes em madrugadas intermináveis
no temor ao dia seguinte
colidiu com os escravos
meu amor atravessou o mar vermelho
venceu o barulho
silenciou em última instância
meu amor é um pouso
meu amor é um voo
um pouco de Deus
minha porção sagrada
 
nós, os desajustados, almejamos cada vez mais a liberdade, pois sabemos o quanto os normais não nos suportam e seria correto dizer que também não os suportamos


jan/2013
nem tudo que eu quero, consigo. eu diria até que quase tudo que quero não consigo. e isso não muda nada. continuo desejando. talvez desejar seja mais que possuir ou alcançar. isso me tem feito andar mais e mais por aí.

e não é que às vezes tenho até a impressão de que era mesmo para ser assim?
 



jan/2013
vamos fingir que somos felizes. vamos fingir que o governo é bom. vamos fingir que acreditamos nos moralistas religiosos. vamos aplaudir a hipocrisia da mídia. vamos ler os piores livros porque estão estampados nas listas dos mais vendidos. vamos nos amparar em desculpas para sermos cordeiros. vamos nos adequar às imposições dos chantagistas. vamos ver tv, porque nos querem calados. vamos permitir... a tolerância abraçando a nossa aflição, vamos excluir os que incomodam, vamos bloquear, pois esse é o poder que temos. vamos usufruir da nossa equivocada liberdade....

Piedade, Pai, piedade, pois estamos perdidos e relutantes. um pouco de ar, um pouco de essência, um pouco de liberdade com coragem com integridade, um pouco do que seja eu nesse tempo em que somos julgados taxados de individualistas quando estamos é massificados.

Piedade, pois estamos perdidos e relutantes. estamos pequenos.

a dor disfarça
a dor ignora
a dor aperta
afrouxa
a dor é uma beleza estranha
um blues que te apronta
não afronta
vem mansa
certeira
a dor é certeira
... um colo de mãe e filho morto
a dor passa e te convida para uma dança
a dor é o caralho
um punhal nas costas
a dor é filha da puta
a dor não tem conversa
muda surra urra
a dor de antídoto nenhum



jan/2013
se o vento te corta
ao passar,
de quem serão as cicatrizes?
 


jan/2013
longa é a rua
as possibilidades de ...

(que seria de nós, não fossem as pequenas distrações?
bolinhas de sabão. inebriantes.
plact)

... lonjuras
passou a manhã olhando pela janela:
sol
nuvens
mais nuvens
sol
fome

a tarde, olhando para chão

à noite, passou em claro
 



jan/2013
que desespero esse de ganhar a rua
de pés no chão?
que desespero esse de ter no bolso
uma imagem santa?
que desespero esse de esquina
que desespero esse
senão uma nuvem
vazão
senão, evolução
nossos filhos crescem


jan/2013
eu não herdei os olhos azuis do meu avô paterno.
nem as mãos habilidosas nas cordas de viola de meu avô materno
herdei de minha avó materna a religiosidade dela, a devoção às Nossas Senhoras e o gosto de conversar com os homens
não herdei de minha avó paterna a sua altura e discrição e nem seu jeito afobado quando ia explicar alguma coisa.
meu avô materno tinha tempo para rir. um jeito meio crianç...a e desencanado. sempre tinha dinheiro na carteira e todo dia ele contava as notas. ele não gostava de gastar seu dinheiro.
minha avó materna sabia de tudo. de tudo mesmo que acontecia no mundo. ela pedia para eu coçar suas costas, às vezes, à tarde, depois que eu voltava do colégio. eu detestava isso, mas coçava.
meu primo eu, nas férias, no café da manhã, fazíamos muito barulho quando sorvíamos o café: só pra ver ela brava e explicando que aquilo era muito feio. ficávamos sérios e quando ela se afastava morríamos de rir disso.
meu avô paterno tinha alzheimer, quando morou em minha casa,
minha avó paterna tinha saudades da sua casa e da outra cidade e estava sempre calada. ela tinha uma cruz tatuada no braço e eu sempre perguntava o que queria dizer. eu acho que ela não sabia. ela dizia que não era nada. um dia eles foram embora.
meu avô materno tinha o sorriso mais verdadeiro do mundo. ele também morou em minha casa nos últimos anos de sua vida.
 
os anjos na noite sobrevoando as ruas do centro de São Paulo, alastrando seu cheiro, liberado pelas narinas esbranquiçadas, pingando o anseio palpitante desequilibrado, a um só tempo o involuntário, a direção definida, decidida, transcendendo aos olhares, com suas asas avançam no desconcerto dos faróis amarelos: vacilantes, como são as luzes noturnas, embriagados de palavras, revelando o frenesi das ansiedades criadoras, no movimento utópico das mãos estendidas, ensurdecidos a cada particularidade. a noite abre suas portas.
quando meu pai morreu, e faz um ano e meio, não houve em mim desespero. não chorei convulsivamente. chorei triste o vazio, e vê-lo imóvel, senti aquele frio que sente quem sabe que não terá nunca mais o velho cobertor e nunca mais sentiria aquele gozo de saber que era amada, apesar de mim. minha calma e sossego, por ele proclamada, para sempre descoberta. ele dizia que eu nunca ia envelhecer, porq...ue não esquentava a cabeça com nada. eu não me apavorava com nada. eu gostava de ouvir isso, mas sabia que eu era diferente disso. mas para ele eu era assim como ele dizia. isso que me importava. eu não questionava. eu gostava disso. mas ele se foi. a dor que se sente é inerte num momento de dor. a vida estava mesmo difícil. chorar, para mim, nunca foi um alívio, como muitos costumam dizer: chora que alivia. passo mal quando choro. fico dias zonza. mas porque estou lembrando agora de meu pai? eu continuei, nos dias seguintes à sua perda a não chorar e lembrava de várias coisas. uma vida repassando em pedaços. eu queria saber porque isso acontecia. talvez eu não tivesse que perdoá-lo por nada e nem sentia que ele me devesse algum perdão. meu pai. lembrá-lo dá vontade de tomar um sorvete lá na pracinha. ele gostava de sorvete de limão. faz muito calor no interior e hoje está bastante quente. meu pai...
 
detentos rumores

volta e dorme
sua incansável
inalcançável
essa resposta
... desvendar os olhos
descalçar as luvas
voltar à superfície
eu custo abandonar um caminho
antes de tentar
deixar tudo no seu devido lugar
uma história incompleta
como era para ser
as mensagens no celular
de madrugada
vão definindo os rumos
as águas se separam
o mar é um leito onde ninguém mais irá se reconhecer
quando o dia surgiu
os carros continuavam apressados
as esquinas pareciam estrangeiras
o sol de outono beija a face da noite embriagada
muda
rumo ao leito
o destino arranca as folhas prateadas de linhas pré desenhadas
antes do conhecimento, as fantasias
cabe o que não cabe
as formas disformes
nesse caso
brutalidades aos pés inocentes

a gente sabe exatamente quando morre para alguma coisa. sua boca cala e fica essa sensação de suspensão. uma dor no peito. uma lágrima que não cai. um sentido barrado. e distância. e solidão. acho que solidão é mais ou menos isso: o nada que se pode fazer. até que se molde. incorpore. até que se integre. até que seque. esqueletos. assim nos tornamos esqueletos. e alheios. até que passe ou não.
 


recolhia-se a tarde
fria
mais um dia
 

domingo, 31 de março de 2013

interessante é a inconveniência
é o desconcerto daquele que repudia os seus contrários
é a tentativa em obter a razão
interessante não é a bondade mas o que se apresenta como seu representante
interessante é a mocinha revoltada pagando de vítima
interessante é cobrar o que lhe seria impossível dar
interessante é o gueto acomodado em almofadas
interessante é o padre dizendo - vamos repartir o pão - enquanto recolhe o dízimo
é o poeta esbravejando no meio da rua e sendo levado a sério
é o cara que fala mal da mina que o aniquila e quando todos sentirem pena dele, ele fugirá com ela, a sua rainha
é o outro que tudo faz em troca de nada desde que lhe deem tudo que quiser
e ele lhe falando de amor e no dia seguinte aparecer encantado por outra
interessante é o que lhe convém. o resto é literatura.

(Ivone fs)


13/06/2012

na cozinha

gato diante do azulejo 
um olhar curioso
e o esboço de um beijo

26/06/2012
Nossos mundos paralelos
os garotos de minha geração eram sensíveis, gostavam de mpb e rock in roll. fumavam um baseado, tomavam chá de cogumelo, tomavam muita cerveja, vodca e uísque. falavam de cinema, compravam o último lp de música lançado. usavam jeans bem surrados tênis all star. riam muito liam muito e cantávamos ao som de violão no clube da cidade aos domingos à tarde. éramos jovens e comentávamos sobre todos os acontecimentos. política naufrágios música cinema livros HQs e tínhamos fixação pelos Estados Unidos, o bom e ruim de lá, na nossa opinião. Janis Joplin e Elis eram a nossas rainhas, Caetano e Chico nossos reis, entre tantos outros. os meninos de minha geração, de minha cidade, tinham com as meninas cumplicidade. nossas conversas e opiniões e ouvidos era o mesmo tom. nos reuníamos para ver "2001 uma Odisséia no espaço" e para ouvir o novo lançamento do Pink Floyd. eu percebo agora, bem de longe, que eles não eram machistas. e foi nessa ordem que aprendi a ter amigos homens e por muito tempo eu preferia meus amigos às amigas. as mulheres se competem muito, tem ciúme demais e quase nada de lealdade, era que eu concluía quase sempre. é claro que nem todos meus amigos daquela época eram assim. com esses eu me identificava mais. nunca usei drogas, a não ser experimentar e era unânime de que eu não precisava, pois era alegre demais e "viajava demais", como eles diziam. eles não contabilizavam as cervejas e as vodkas, me parece agora. os garotos de minha geração eram todos "intelectuais" e andavam de mãos dadas com suas namoradas. a nossa palavra preferida era: FESTA!!! na casa de quem hoje?! éramos jovens numa cidadezinha do interior. eu só queria uma coisa: morar na maior cidade da América latina e já faz bastante tempo que aqui estou. (Ivone fs)


14/07/2012
Dor febril

quisera o tempo que eu esperasse
eu esperei
tanto é frio se há febre
ainda lembro de um aquário e aqueles peixes se batendo no vidro
a sala estranha
a espera de um aconchego
os anjos no teto, quietos
as bolhas de oxigênio na água
a espuma lembrando o limbo
uma vontade de libertar os peixes
deitada no sofá de uma casa alheia
uma moleza involuntária
os peixes se batendo no vidro
a prisão vista de dentro
o mundo é triste quando se está triste.

(Ivone fs)


15/07/2012
não herdei os olhos azuis do meu avô paterno.
nem as mãos habilidosas nas cordas de viola de meu avô materno
herdei de minha avó materna a religiosidade dela, a devoção às Nossas Senhoras e o gosto de conversar com os homens
não herdei de minha avó paterna a sua altura e discrição e nem seu jeito afobado quando ia explicar alguma coisa.
meu avô materno tinha tempo para rir. um jeito meio criança e desencanado. sempre tinha dinheiro na carteira e todo dia ele contava as notas. ele não gostava de gastar seu dinheiro.
minha avó materna sabia de tudo. de tudo mesmo que acontecia no mundo. ela pedia para eu coçar suas costas, às vezes, à tarde, depois que eu voltava do colégio. eu detestava isso, mas coçava.
meu primo eu, nas férias, no café da manhã, fazíamos muito barulho quando sorvíamos o café: só pra ver ela brava e explicando que aquilo era muito feio. ficávamos sérios e quando ela se afastava morríamos de rir disso.
meu avô paterno tinha alzheimer, quando morou em minha casa,
minha avó paterna tinha saudades da sua casa e da outra cidade e estava sempre calada. ela tinha uma cruz tatuada no braço e eu sempre perguntava o que queria dizer. eu acho que ela não sabia. ela dizia que não era nada. um dia eles foram embora.
meu avô materno tinha o sorriso mais verdadeiro do mundo. ele também morou em minha casa nos últimos anos de sua vida.

(Ivone fs)


26/07/2012
os anjos na noite sobrevoando as ruas do centro de São Paulo, alastrando seu cheiro, liberado pelas narinas esbranquiçadas, pingando o anseio palpitante desequilibrado, a um só tempo o involuntário, a direção definida, decidida, transcendendo aos olhares, com suas asas avançam no desconcerto dos faróis amarelos: vacilantes, como são as luzes noturnas, embriagados de palavras, revelando o frenesi das ansiedades criadoras, no movimento utópico das mãos estendidas, ensurdecidos a cada particularidade. a noite abre suas portas. (Ivone fs)

24/09/2012