O sentido
gira,
paira em torno
dos cílios da cidade
- São Paulo não respira -
através da densa massa chumbo,
onde meus olhos combalidos,
daqui do alto, afundam
através das frestas dos muros,
nos miados secos
dos gatos vadios
nas vastas ruas
onde carros vagueiam
(vinte e quatro horas - nódoas)
e nas praças talhadas
em granito e sangue:
letargia vermelha...
..no fundo range
uma voz rouca - jazz-blue:
blue?
é um sonho que me lembra...
semelhança...
quinta-feira, 29 de maio de 2008
domingo, 18 de maio de 2008
Imagens
Enquanto minha voz
te desenha
teus contornos me refazem
calada, só a noite
que assiste meus ensaios
para hora de ver-te
te desenha
teus contornos me refazem
calada, só a noite
que assiste meus ensaios
para hora de ver-te
sábado, 17 de maio de 2008
Deste volume
barragem em meu peito
de neve crua
refluxo em flocos
e o sol que me cega
neste branco infinito
acordo mais um dia.
de neve crua
refluxo em flocos
e o sol que me cega
neste branco infinito
acordo mais um dia.
Ficou tarde
me presto na pressa
de apagar o que passou
da hora
e corro para tomar distância,
depois eu respiro
embora,
nunca tenha havido,
admito:
fiquei impregnada
de apagar o que passou
da hora
e corro para tomar distância,
depois eu respiro
embora,
nunca tenha havido,
admito:
fiquei impregnada
neste caminho
Não há paixão
nem lugar
eu também preciso de água
eu também me revolto
estive clandestina
neste desconforto
neste quarto
de fazer sozinha uma história
nem lugar
eu também preciso de água
eu também me revolto
estive clandestina
neste desconforto
neste quarto
de fazer sozinha uma história
desamparo
Farei poemas
onde houver travas
atrasarei as pressas
meus pedaços arrancados
são minhas partes duvidosas
vacilos de noites em vãos
aqui faço verdades
não as minhas
as verdades da poesia
que tem sua própria boca que fala na minha
onde houver travas
atrasarei as pressas
meus pedaços arrancados
são minhas partes duvidosas
vacilos de noites em vãos
aqui faço verdades
não as minhas
as verdades da poesia
que tem sua própria boca que fala na minha
Assalto
Eram dois
eu tive pena...tive muita pena...
Numa tarde de algum frio, numa rua, no Morumbi, nossos destinos estiveram rentes. Uma volta no carro. Eu fechava o porta-malas e eles me abordaram com a arma dentro da camisa. Um deles, muito nervoso me pedia tudo que estava na bolsa. Eu pedia calma e entreguei a carteira e o celular. Eles correram eu eu corri atrás deles...a polícia chegou...
Jogados e algemados na calçada, eu me vinguei:
- Se fuderam filhosdaputa!
Nove horas na delegacia. Um deles, maior, procurado com vários anos de condenação
o outro, maior há um mês...passagens pela Febem. Hoje, presos em flagrante.
De volta para casa, no trajeto, faço uma ligação de meu celular recuperado. Há muito trânsito. O jogo do São Paulo e Fluminense terminou em 1x0. Vi na TV da Delegacia.
A mãe chorava muito, quando chegou lá levando o documento do filho, que não dormiria em casa.
Tive muita pena daquela mãe.
eu tive pena...tive muita pena...
Numa tarde de algum frio, numa rua, no Morumbi, nossos destinos estiveram rentes. Uma volta no carro. Eu fechava o porta-malas e eles me abordaram com a arma dentro da camisa. Um deles, muito nervoso me pedia tudo que estava na bolsa. Eu pedia calma e entreguei a carteira e o celular. Eles correram eu eu corri atrás deles...a polícia chegou...
Jogados e algemados na calçada, eu me vinguei:
- Se fuderam filhosdaputa!
Nove horas na delegacia. Um deles, maior, procurado com vários anos de condenação
o outro, maior há um mês...passagens pela Febem. Hoje, presos em flagrante.
De volta para casa, no trajeto, faço uma ligação de meu celular recuperado. Há muito trânsito. O jogo do São Paulo e Fluminense terminou em 1x0. Vi na TV da Delegacia.
A mãe chorava muito, quando chegou lá levando o documento do filho, que não dormiria em casa.
Tive muita pena daquela mãe.
segunda-feira, 12 de maio de 2008
Palavrarte
Você na sua vida
e eu na minha
e eu na sua
já faz tempo
jazz no vento
você nu
e eu nua
ao relento
escrevendo poesia
e eu na minha
e eu na sua
já faz tempo
jazz no vento
você nu
e eu nua
ao relento
escrevendo poesia
domingo, 11 de maio de 2008
quinta-feira, 8 de maio de 2008
Nike
domingo, 4 de maio de 2008
Desvio
Inquieta um sono
um sonho atribulado
diante do espelho
não vejo o outro lado
a garganta arranha
a boca estática
no rosto,
talvez seja uma lágrima
que escorre
talvez um rio
mudando seu curso...
um sonho atribulado
diante do espelho
não vejo o outro lado
a garganta arranha
a boca estática
no rosto,
talvez seja uma lágrima
que escorre
talvez um rio
mudando seu curso...
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