segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

nem por isso escapa

se ao menos fosse um rastro
não só aquele vulto disforme à distância
deslize de pensamentos tateando o obscuro

se ao menos fosse apreendida
ao sabor do alto teor de tua bebida
no arrepio do gelo da tua angústia

se ao menos no escuro do quarto
no múrmurio da insonia
com Shakespeare Blake Kerouac

alguma dúvida existisse
essas letras teu guia
esse tempo todo entre páginas e capas

tuas trilhas sonoras

render-se custa tão caro
se fosse afora

quão longe está nosso tempo
tão severo o sal que corta a pele

tão delicada a esperança
a secar-se ao sol
a carne crua assente a dureza

assim o desconhecido
a imagem
a cria
e teu sorriso doce
e outros tantos outros

04/12/2011

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

02/12/2011 de madrugada

quem dera reproduzir os dizeres dos poetas
palavras ditas
benditas
um ópium que me escapa horas depois de ouví-las
- nunca fui boa de memória -
colho-as
ou elas a mim
em algum lugar, o enxerto
estou grávida
e a palavra protegida como um deus

30/11/2011

quero a honesta incontrolável desafiante agonia
quero a autonomia
quero pagar o preço
quero a liberdade
quero o amor pelo respeito
quero ser Antígona

30/11/2011

ansiedade




então eu me contorcia mais uma vez e parava o carro na guia, jurando, antes de ligar o cd player numa fm que teria a resposta numa música e fosse ela qual fosse assim seria, como último recurso. profetizado e fim. irritante. as fms não tocam mais músicas respostas. então eu cedia. convidava-a, a ficar à vontade, olhando-a em seu cerne. já não era eu.

28/11/2011

passa


sempre passa
- mas a travessia
a luz era forte demais
o vazio era profundo demais
passa
sempre passa

28/11/2011

as pessoas não amam ninguém

a não ser o conforto que lhes é proporcionado
estou farta de ver esse tipo de amor
e ainda tem aquele papo de "amor verdadeiro"
fico pensando qual seria o amor falso

25/11/2011

havia naquela rua, ecos. não se mata as ilusões. flashes. um deslumbramento visível. o êxtase é um estágio cego inviolável impenetrável. a própria verdade. eis, pois. é em si o todo. mudo a página. assim como deixar o cansaço, após horas no banho, ralo a dentro. fashes. conto os passos como se fossem dias. passam. há, afinal, o topo da montanha! flashes. eu moro no caos. há mais nos acontecimentos.


eu diria tudo agora e digo sem pronunciar uma só palavra. seres estranhos os humanos. a lógica das histórias vistas à distância. a poucos nos rendemos. meu tempo está quase todo tomado por afazeres que me imobilizam. eu preciso do ar dessa rua e do seu silêncio na madrugada.

23.11.2011


Talvez eu sempre estivera presa e as paredes me desafiando. é espessa a parede. disso nunca duvidei. é espessa e dela nem mesmo o pó muitas vezes consigo tirar. marcas de mãos. marcas do tempo. marcas da prisão. eu fazia minhas danças e abençoava o assoalho pelo dia de amanhã. tudo mais espesso. marcas de meus pés. idas e voltas. sozinha em algum lugar perdida. fugindo o tempo todo. e fingindo.... tão bem. grande talento. pequena pobre burguesa. autosustentada. um orgullho só. severidade roendo os ossos das sobras. aos montes. não junta os cacos. dispõe-os. dorme sobre eles. desafia os olhos que nunca enxergam suas cicatrizes. veste-se de sol. engana tão bem. a mim não. nunca me engano. finjo. nunca me engano