sábado, 22 de dezembro de 2007

Sal

Não meço. Arremesso. Me lanço.
O que há de mais surdo que palavras jogadas a quem não se interessa, a quem não se destina, não pelo endereço , mas porque não lhe cabe? Será? ...Desgastes...
A nascente, quando jorra a água, empurra a areia e sai,
porque a fonte destina a água doce ao mar.
A água doce serve em seu curso, a quem dela precisa, mas o que ela precisa é se misturar ao sal.
A palavra de amor é como a água, vem da fonte que lhe ordena e tem seu destino:
um ouvido que a absorverá e lhe dará o sentido. E em seus tantos vôos, na louca procura, muitas vezes confunde-se diante dos olhos, nas alegorias e adereços e não dança nas esferas que lhe dá vida. Vagueia, como num sonho, e a um leve toque, desperta em dor, ao ver por trás dos dias, as horas alegres, intocáveis, desintegradas . Mais um engano que custa a aceitar? E a palavra dança, afoga-se e rodopia ao vento, enquanto o sonho dos sonhadores não alcança o sal da vida. O coração, dilacerado, esperneia e sente em suas costas o auto flagelo a que se encerra...e bate ... batidas de saber que há olhos que não vêem.

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