sábado, 15 de dezembro de 2007

Incômodo monólogo

Não olhes para meus olhos cegos, nem ouças minha voz. Eu corro atrás das nuvens, durmo nos tetos molhados e como os restos que surgem das mãos que nem sabem da minha fome. Não penses que apelo, eu só não posso carregar tanto peso, então despejo meus excessos, tento, assim, me aliviar. A pena já tem morte certa e o que eu desejo mesmo, é ser livre - das misérias, das migalhas, da língua que me sorve e nem sabe o sabor - e voar nos aclives das minhas angústias e fazer delas meus amigos qual São Francisco, acariá-los e em meu peito fazê-los dormir.
Não olhes para meus olhos cegos, pois neles só enxergas o que vês e nem ouças minha voz, são só ruídos proferidos, sobrepõe-te. Deterioremos todas as possibilidades, as idéias, os sentidos, porque dizer o que é preciso nos torna passível e o nosso cavalo está pronto para partida e as pontes atravessadas serão derrubadas e vazio nos distanciará para sempre. E o vazio permanecerá para sempre...


Ivonefs


****************************************

Nenhum comentário: