quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Passagem

A luzes do teatro se apagaram. Os ruídos se confundiam com o silêncio que se assentava. Do palco, sentia o vazio adormecido da platéia já distante. O perfume único, de tantas essências misturadas, ardia em meus olhos, que fitavam a primeira fileira, onde ainda te via... Você, uma cadeira livre, onde me sentaria ao seu lado...Ao aproximar-me o espaço estava preenchido por seus braços envoltos num corpo que em seu ombro pendia. Uma moça linda, e ambos em completa sintonia. Sentei-me ao fundo, em total desconforto, a garganta estranha, pela lágrima engolida. Da peça, só me lembro dos ensaios, quando me tocava, me confundia e em intimidade... quase se revelava..., mas sempre fugia, sim, sempre fugia me deixando nua, com seus odores pairando em minhas entranhas e minhas certezas flutuando nas horas seguintes, sem qualquer intervalo de sossego. Nem todos os segredos são revelados...Quando ele entrou pela minha porta me deu a vida e a morte... Minhas mãos vazias, tateiam no escuro, procurando a passagem, que me transportará para além deste cenário.

Ivonefs

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