quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

As minhas economias ( Ensaio poético)

As minhas economias, guardadas sob a minha pele, são atraídas por imãs que as devoram durante à noite, enquanto durmo. Como fantasmas sem rostos me amedrontam e dizem serem os donos dos meus sonhos, despejando toda sua jaculatória. De manhã, apressada, nem faço o sinal da cruz, esqueço a noite passada e pouso na barriga vazia do dia, onde busco as fantasias estampadas em todas as direções, que me levarão ao inútil pecado de insistir nos sonhos devorados. E quando o jogo recomeça, minhas palavras em estado vulnerável são leves e voam. Tal qual uma pena solta, não pousam. Pairam. E em sua transparência, não atingem o que quero, nem produzem as mudanças, não provocam os efeitos. São vistas de qualquer jeito. Se minhas palavras fossem como os raios, não perambulavam tanto, e seriam de imedito, sem passar por qualquer vista, engolidas e enterradas de vez. Pelo menos, não me empacariam... Mas pra quê tudo isso? O que eu quero dizer é que por mais que eu fale, ou mesmo que não fale, quem irá mudar o maldito desejo, que não está escrito, mas que insisto? Já estou no meio e nada poderá alterar o início. A partir daqui, sem nenhuma economia, de boca escancarada, de pele rasgada, desvelada... preciso caminhar... e em cada esquina, renascerá, alucinadamente, a expectativa de ouvir o que mais quero e que incansavelmente procuro. As minhas economias guardadas sob minha pele, foram roubadas e já nem preciso mais delas ...

/Ivonefs


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