sábado, 13 de julho de 2013

quando meu pai morreu, e faz um ano e meio, não houve em mim desespero. não chorei convulsivamente. chorei triste o vazio, e vê-lo imóvel, senti aquele frio que sente quem sabe que não terá nunca mais o velho cobertor e nunca mais sentiria aquele gozo de saber que era amada, apesar de mim. minha calma e sossego, por ele proclamada, para sempre descoberta. ele dizia que eu nunca ia envelhecer, porq...ue não esquentava a cabeça com nada. eu não me apavorava com nada. eu gostava de ouvir isso, mas sabia que eu era diferente disso. mas para ele eu era assim como ele dizia. isso que me importava. eu não questionava. eu gostava disso. mas ele se foi. a dor que se sente é inerte num momento de dor. a vida estava mesmo difícil. chorar, para mim, nunca foi um alívio, como muitos costumam dizer: chora que alivia. passo mal quando choro. fico dias zonza. mas porque estou lembrando agora de meu pai? eu continuei, nos dias seguintes à sua perda a não chorar e lembrava de várias coisas. uma vida repassando em pedaços. eu queria saber porque isso acontecia. talvez eu não tivesse que perdoá-lo por nada e nem sentia que ele me devesse algum perdão. meu pai. lembrá-lo dá vontade de tomar um sorvete lá na pracinha. ele gostava de sorvete de limão. faz muito calor no interior e hoje está bastante quente. meu pai...
 

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