sábado, 7 de julho de 2007

Vacilo (miniconto)

No gélido quarto do hospital, movia –se de um lado ao outro com olhar aturdido e pensamentos em frangalhos: “Se ao menos ele viesse.”
Logo de manhã, seu peito será aberto e o coração restaurado.
Assusta-se ao som do celular, que esteve tão quieto nesse dia.
Era ele, finalmente ligou: - Ah sim, claro, bem cedo.
Ele viria. Emocionou-se, como não devia. Ofegante, sorriu sentindo
escorrer por sua face, quentes e sentidas lágrimas de alívio.
Amava-o e desejava ardentemente vê-lo antes da cirurgia.
Adormeceu com um sorriso nos lábios.
Sonhou desconexos sonhos, sempre interrompidos pela presença de uma
enfermeira. Irritava-se com esta invasão: “Deviam bater na porta antes
de entrar”." Mas que bobagem, estava num hospital e sofreria
uma intervenção cirúrgica séria e reclamava de um detalhe tão sem
importância."Finalmente amanheceu. Ela, ligeiramente apreensiva,
mantinha os olhos na porta. Recebeu todas as visitas de médicos e enfermeiros.
Foi encaminhada ao centro cirúrgico. Estava muda e pálida.
Da maca, olhou mais uma vez, a porta do quarto que deixava para trás.
Sumiram o corredor e a esperança.
Buscou uma lembrança e com ela partiu...E ele? Ele se atrasou.

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