quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

05/02/2012

cinco minutos de atenção. ainda penso que aquele rivotril que abandonei me daria um dia melhor. neutralidade. a água parada na superfície. o cuidado de reparar no descompasso do teto tão branco que hipnotiza. vertigem. um passo custa. eles se afligem. os outros. eles lamentam pela mulher amada que foi embora e elas tinham o sorriso mais lindo do mundo. eles gesticulam. eles pedem socorro. eu não tenho pena. estou neutra demais. ele me disse que antes eu era mais criativa. eu respondi que antes eu era mais muitas outras coisas. eu não tenho pena de mim. uma hora, talvez, renasça aquele gosto de ilusão. aquele gosto que faz você passar o dia se cuidando, que faz você perder a respiração, aquele gosto de ansiedade que faz você derrubar as coisas da mão, que te atropela. chorar é para os aflitos. os neutros não se importam se hoje vai chover. se a estação é primavera. se hoje à noite a lua virá cheia. os neutros adormecem. acordam. e só as vezes suspiram, quando alguém inesperadamente lhe chamam. mas isso é tão específico. (Ivone fs)

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