sábado, 23 de agosto de 2008

Monólogo em questão

Não tenho o que quero. e o tenho em demasia.

Na Dúvida, me mantenho. Nesse Meio, me sustento.

Perco a Esperança no absurdo que me coloca aos Extremos,

É no Meio que me sustento.

Não um meio Equilíbrio. Mas um meio Indefinido

Onde restam Caminhos? Onde restam Sonhos.

Os extremos me matam. Onde estou.

Estrangeira

Sejas gradativo
nunca manso

talvez me alcance
onde espero

e isso não te conto:

lá,
eu também me desconheço

domingo, 17 de agosto de 2008

Interstício

Tem sempre um desconhecido pálido em minha frente. Uma cisma, melhor dizendo, que na madrugada faz meus olhos incendiarem na escuridão perene de meu quarto quase adormecido. Um quarto móvel de hora flutuante, em que tateio o sono e prescindo um pensamento que imagino aprisionar e escapa...

Monólogo -

Eu canso as pessoas com meus dilemas.
Repito sempre as mesmas coisas. Falo muito e não ouço nada. Só quero que me escutem. Não admito que me dêem conselhos. Nunca permito que me dizem o que fazer. E essa gente sempre se intrometendo!!!
Finjo por uns dias ser uma presença agradável e elas acreditam em mim. Daí pioro.
Eu admito que não amo todo mundo. Tenho uma capacidade limitada pra amar.
Sou muito intolerante. Polipolar. Não me enquadro em quase nada.

Poema que Ruy fez pra mim

Um poema (respeitoso) para Ivone


Anoitece
Se for noite de sarau, verei Ivone
Ficarei insone
Depois dessa miragem
Me faltará coragem
Para dormir.

Ver Ivone é ir
Não sei para onde.
É tomar o bonde
De uma história antiga
De encarnação passada
Ver Ivone é tudo
Mas hoje é só vê-la
Agradar aos olhos,
Abraçar a moça
Entender a emoção
E conte-la.

Essa menina é isso
É o viço
A alegria do momento
O ungüento
Que remove dores
Relembra a história de amores
E passa solene
Passa intocável
como são intocáveis
Os anjos que conheci.

Vai, menina
Cuida bem de tí.


* poema q Ruy fez pra mim

.com

se arrancas meu coração
e ainda me condenas

o que direi do amor?

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Sobreposição dos desejos

Procuro os contornos
em que não foco

saio da linha
mas mordo sempre o centro

estou agora à sombra das palavras:
não quero frases, porque o frio me deixou estática

"a vida corre, não tem memória, ele diz" ela diz

repouse

na foto, a pose
onde entalhou a lembrança
que jaz

imutável

na arte móvel.

Um arrepio com razão

Há tantos dias
me chama...

Que há em mim?

velando as horas
contando os passos

assim
sem tropeços
desejo expresso

um café
um cinema
um passeio na Paulista
um sorvete de pistache

será?

você diz que à noite tem extras
e posso pedir

mais

e mais

e mais...

Pela janela do quarto

Se fosse perder o sentido
e mergulhar na chuva da manhã,

nesta densa fumaça,
das nuvens parida,
nesta paisagem ambígua

montes Fugis

longínquos e agudos
efervescentes e gélidos

seria depois...

antes,
quebraria todos os muros
edificados entre nós

antes,
espalharia ao mundo tuas letras

e antes ainda, seria absolvida,
pelo amor que me levou

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Tim tim

Que o céu
me reste assim:

cúmplice e ilícito

tinto
em Blue carmim
eu só queria ser merecida,
mas sempre sou demais
ou de menos
nunca o ponto
eu também ando ao avesso do meu andar.
Não vejo beleza.
- frustrada ?
é, frustrada.
fora o reflexo,
o resto,
que adormeceu
As contas do afinal que escolhi, nenhuma levo.
Inda que morra toda razão, preciso andar...
Os vermes caem aos montes. multiplicaram-se, mas a madeira já é pó.

Noites Negras de Inverno

Intenções

Se me encontro
naquela hora
da qual nunca saí,

se o meu íntimo
agora só a tua mão
pode abrir,

se minha boca
fechada e surda,
que ao teu falo se abre,

engole amor e lágrima
em cascata, os poemas

ora de certeza
ora indecisão

nesta imensidão que sou

ora molhada
noutra vazia

é porque

sei que te levo rasante
e é sempre bom, mas

sei que te viras de costas
e caminhas em opostos

sei que me riscas
das tuas listas

que resistes
e não bebes

nem me provas. me prova?

sei,

virás ainda,
no rumor das folhas
embriagadas

dos papéis amassados
com letras coloridas

num beijo que sela
as intenções escondidas

nas sutilezas, pois também sabes
que é sempre bom!

Alucinações antes do aniversário

O inquieto inseto que me habita
revoa recônditos desejos, permeia
as pupilas azuis de um sonho estúpido

Acena, alucinante, às horas expostas
num torvelinho, que chicoteia o chão,
e fere-se aos golpes do tufão faminto

Na rua devastada, a híbrida lua
transpira caldos febris
sobre suas asas transparentes
infecta serviente
que nem guarda
nem anjo
impregnando seus cômodos
cerrados em seu odor imóvel

Larva lacerada,
recolhe as gotas
alimenta sua sórdida
melodia
adorna a monotonia
cravada de húmus e fezes

Os anéis de luz,
nos cantos do teto, ziguizagueiam
em propícios feixes ao anúncio íntimo
dos primeiros acordes:

Salva em mim as notas secretas de meu canto.

Voracidade

de ser
as cores
na mistura de nós

e sobrar
"mulher deitada"
Di Cavalcanti