quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Palavras impressas

I -

Quanto mais quieta mais intensa a agitação encoberta
A fala presa num suspiro travado aguarda um vão neste campo de concentração
Os olhares de gelo
Os sorrisos da hipocrisia
Terrenos infestados
Todos cegos comendo tua merda
É ínfimo o instante...
Dedilhando tuas costas
A palavra inteira passou por um fio,
Percorreu direta, como um líquido injetado em tua pele
Tudo na medida, de não adivinhar, nem acrescentar
Completa. Pode-se dizer. Completa.
Vou pelo ritmo agora,
O ritmo que vier,
Direto, dentro do meu ouvido,
Fala e saliva
Respondo: com as mãos e o corpo inteiro...


II -

Todos os espaços se colidem
não há mais frente ou verso
derramei-me inteira
agora posso ir...
agora sei
que não há limite
não há berço
não há o lençol que forre
nem tão pouco o que cobre
agora sei...


III -

A febre vazou
o delírio não entorpece
que venham todas as dores
que venham e testem
até onde me querem?

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