domingo, 28 de outubro de 2007

Saída

Ao raiar da tarde
sua voz tão alheia ao meu silêncio
toca-me como velha conhecida
- ou seria minha própria voz que já não reconheço -
e de tão acostumada ao meu modelo
nem percebe minha face rígida
que ignora o sopro e não se volta

Fixo em outras dimensões
assimilo toda volta
onde nada me pertence
espectros, aspectos de simples
e complexos reflexos
originam meu espanto
num vale de enganos
que pretende me iludir
que pretendo me livrar
Os ruídos que supunha
um canto lírico compassado
aquilo tudo derramado
eram cascas soltas
desprendidas de propósito ou não, sei lá
- incógnita

Todo o meu que não me cabe
sufoca, transborda e não resigna
as dúvidas de quem mau vê
- Ao fim não se chega e nem sempre o recomeço te beija.
O mesmo fogo que te atrai, te queima impiedosamente

Que mistério é esse?

Nos caminhos encontram-se os vestígios
do que foi e do que é
e o que será procura a saída
juntando fragmentos das horas passadas

Impressões, ações, reações
pouco e tanto a um só tempo

- Nada se perde e nem se carrega que não se queira.

Há quem ganha: a poesia
rainha e mestra inesgotável
contém o incontido
toma-me e faz eterna minha vida...

/ivonefs -= 10/10/2007

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