quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Frestas

guarda para si
o terror das madrugadas
seu inferno de alegorias entre cambraias
manto tenebroso sufocando a orla de sua existência
a aridez dos gemidos

- porque eu choro por nós e não mais rogo -

se toda vez é a última
nada se acumula que não sejam dedos a implorar num braço estendido
cai a escuridão
cai em si a impossibilidade do casulo

o céu aberto
em vigília
letras de Lautréamont
emaranhados se multiplicando
fogem os estreitamentos

guarda para si
guarda para si

- porque eu choro por nós e não mais rogo -


Ivone fs - 15/02/2011 - 13:26

3 comentários:

Breve Leonardo disse...

[o que se acumula na madrugada, se acontece em palavra poema, teorema principio do mundo]

um imenso abraço,

Leonardo B.

Celso Mendes disse...

Que cada lágrima caída vire um verso. Muito belo. Não sei por que vias associativas me veio à mente aquela música do Itamar Assumpção = Milágrima (a letra, linda, era de Alice Ruiz).

Um Beijo.

Celso Mendes disse...

Corrigindo: MILÁGRIMAS.