sexta-feira, 7 de outubro de 2011

pelos dias que se seguem

ainda sou sábado
ainda não saí do teu colo
ainda não durmi o suficiente para pensar em outra coisa
e já folhei tantos livros e não li nenhuma página:
estão todas iguais
a mesma grafia
a mesma velocidade
ainda parada ali
matizes enevoadas
marginais
flores de São Paulo
estação primavera
teu gesto em peito
escrevo

teu nome



(Ivone fs)
há quem imagina um poema como algo concreto

e é. e não é.
é um momento eterno
o canto:

aconchego e apelo
ver-se por dentro afora é um imenso aperto
Não torçam por mim, apiedando-se. isso me torna obrigada. eu só quero ser o que sou com o que tenho e com o que não tenho, com o que posso, com o que não posso. é constrangedor não ser o que gostariam que eu fosse. não ter o que gostariam que eu tivesse. é constrangedora não a situação, mas a cobrança. me queiram antes de tudo isso, me amem antes das coisas. ou simplesmente não se importem. cada um com sua cruz, suas plumas, suas delícias, seus delírios, suas prisões, suas saídas
hei de compreender a lógica das explicações e elas me silenciam. é preciso um pouco de ilusão. um fio ao menos. minhas letras catatônicas.
quando o dia amanhece e tem névoa meu espírito delira...em êxtase... acho que sou meio vampira
eu gostava mesmo é quando ele me olhava sem jeito e perguntava: o que foi?
eu podia escrever "tristeza" ou "necessidade" ou "vontade"

podia escrever todas essas coisas que escrevem sobre amor ou sobre saudade ou sobre tesão. podia ser bem piegas e escrever os grandes chavões que tanto repetem e os leitores se deliciam. o ser humano é mesmo carnívoro. eu podia descrever cenas almejadas e relembrar algumas.,eu quero escrever que só quero você. as outras coisas não me interessam nem um pouco.

mudança das cores.

embora eu queira azuis cintilantes e todos os equivalentes
nem sempre meus olhos suportam atravessar a chuva e atingir o céu.
quando eu te disser todas as coisas sinceras e tocar o teu medo de perder todas as mulheres de teus sonhos, ao meu amor convulsivo falará o tempo.
a aparência de algumas coisas cativam aos tolos que se dão por satisfeitos e saem em defesa daqueles que doam seu capital mas sugerem qual é a linha do trem onde os maquinistas adestrados empenham-se ao máximo em ser solidários ao que for conveniente ... e os convidados aos banquetes serão sempre os cordeirinhos fiéis. cultura formatada.
havia um mapa na parede. os mapas sempre me atraem. era de São Paulo e Grande São Paulo. procurei um bairro um tanto distante e depois o meu, tentei calcular a distância. lembrei de pessoas. Morumbi, Centro, Perdizes, Jaçanã, Guaianazes, Santana, Parelheiros, Jardim Angela, São Bernardo do Campo, Lapa, Brás... eu tive que pedir desculpas. me desliguei totalmente do assunto da reunião e foi preciso que repetissem tudo...
e não eram as palavras presas

era ela
a presa
como quem leva um susto e paralisa
minha paciência é medida no estreito dos trilhos. piso as pedras ou vou pela linha metálica? um contraste rude. uma lisura inerte. um passeio por cima do viaduto. habitações e janelas. alguma pergunta?